sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Um voto à cidadania


Quarta-feira estava escutando a voz do Brasil e escutando o nosso presidente Luiz Inácio Lula da Silva falando sobre o decreto que assinou que cria a Política Nacional para a População em Situação de Rua. Ele estava participando do 7º Natal da Vida e da Cidadania dos Catadores e da População em Situação de Rua em São Paulo. Dizia ele : "Este decreto servirá para garantir a promoção dos direitos humanos, civis, políticos, econômicos e sociais dessa população."

Mais uma vez bato no peito e digo: "este é o Meu presidente."

Neste decreto é criado um comitê interministerial para cuidar da Política Nacional, e o IBGE vai fazer uma pesquisa para saber quantos são e quem são este cidadãos em situação de rua, dando cara ao "problema social". Espero que funcione.

Acaba a notícia e começa outra relatando sobre uma cirurgia de um equipamento eletrônico computadorizado indicado para pessoas com surdez total ou quase total, chamado ouvido biônico.
O aparelho, diziam eles, é implantado cirurgicamente no ouvido do paciente e, através de estímulos elétricos, ocorre a estimulação do nervo da audição. É o recurso mais avançado existente no mundo para o tratamento da surdez e hoje mais de 150.000 pessoas já se beneficiam desta tecnologia. No Brasil, existe um centro cirúrgico que é referência mundial, respeitado e reconhecido internacionalmente. A cirurgia custa em média 45 mil reais, além da cirurgia é preciso acompanhamento psicológico e tratamento de otorrinolaringologia. E no final da notícia dizem: "e é feita pelo SUS todo este tratamento".

Caraca!

Parabéns Brasil!!!

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Gentileza gera gentileza e direitos garantidos


Ontem vi uma coisa bonita no metrô.
Aquela placa "Dê lugar à cidadania" nem sempre funciona, mas ontem um velhinho, bem velhinho, entra no metrô e uma moça levanta para ele sentar.
Ele senta e pergunta a um Senhor se ele queria que segurasse suas coisas.
Prontamente estava segurando papéis, bolsas e sacolas de umas três pessoas.

Chegou a ser engraçado.

Então ele diz: "eu gosto de ser útil, quanto mais coisas eu levar, melhor. As pessoas vão mais confortáveis, pois, afinal, quem está sentado sou eu".

terça-feira, 24 de novembro de 2009

A preguiça que passa e o desabafo que vem


Tem coisas que me irritam profundamente.

Uma é as pessoas não viverem as suas vidas e ficarem perdendo tempo e gastando energias cuidando, falando, criticando e procurando defeitos e coisas erradas na vida da gente.

Outra é a concepção completamente errada em relação à gênero. Na primeira, a raiva vem e passa, porque apresenta as pessoas que não são nossas amigas, mas a segunda não sei se dá raiva, medo ou preguiça. Raiva por esta concepção errada se manifestar, medo por ainda vivermos em uma sociedade machista, em guerra de gênero, perdida e solitária, e preguiça porque às vezes me dá preguiça de tentar mudar algumas coisas que estão tão enraizadas na sociedade e me dá vontade de apenas viver a minha vida e parar com esta história de querer mudar o mundo.

Meu namorado passou no Doutorado na UERJ. Estamos indo morar no Rio de Janeiro.

A coisa mais intrigante são os comentários das pessoas após saberem da novidade.
"mas agora ele vai mudar pra lá?" beleza! esta é uma declaração de quem me conhece e que sabe que não iria mudar minha rota assim por causa de "homem".

"e como vocês vão fazer?" jóia!alguém que conhece a nossa relação e torce de alguma maneira por nós.

"eh mais uma das 9 entre 10 das mulheres que seguem seus maridos" alguém que não conhece a palavra companherismo ou acha que vou para o Rio e ser diferente do que eu sou hoje.

"então tu tem que mudar de discurso, primeiro diz que vai morar no Rio, depois que ele passou no doutorado". Alguém que talvez mude sua estória, ou a sequência dos fatos, para as pessoas verem sua estória como quer que vejam e que tem mais preguiça do que eu para explicá-la.

Bom, eu não nasci em Brasília e mesmo que tivesse nascido eu não quero morrer aqui. Considero Brasília uma cidade maravilhosa para viver e trabalhar, mas acho que nasci sem raízes mesmo. Ou talvez tenha que me acostumar com a frase que um amigo meu me disse uma vez: "tu parece uma mochileira". Na verdade eu sou apenas uma cidadã do mundo.

Moro onde tem trabalho, onde eu seja feliz e onde me sinto em casa, até porque minha família e amigos verdadeiros eu carrego pra onde eu for, é pra isto que existe internet, telefone e avião. Então o vento pode ir levando a gente, desde que sejamos felizes.

Brasília é uma cidade que viveria alguns anos sim, adoro, me sinto em casa, trabalho com o que gosto, tenho amigos pra festa, amigos pra dividir coisas boas e também para aquelas coisas não tão boas. Mas o Rio de Janeiro me encanta e é tudo de bom também, além de eu trocar qualquer cidade para ter o companheiro que tenho hoje do lado.

Sempre tive medo de ficar sozinha, sim, nunca escondi isso. Meus amigos sabem disso, mas sempre fui guerreira. E ser "guerreira" afasta e assusta muita gente.

Hoje eu encontrei um companheiro que realmente é companheiro, que gosta da minha história e que aposta no meu e no nosso futuro.

E que também acredita que ser protagonista da sua própria história pode muito bem ter um companheiro ao lado, trilhando e lutando junto. Às vezes parece que ou se é independente e se impõe na condição de mulher ou se é submissa, que não se pode ser mulher, guerreira e companheira ao mesmo tempo.

Há de existir um equilíbrio. E acho que neste equilíbrio está uma relação saudável de gênero, em que os dois crescem, os dois se apoiam, os dois são felizes.

Achei? Não!!também procuro este equilíbrio e talvez seja uma eterna procura.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Alexandre Padilha

Fui na posse do Alexandre Padilha como Ministro de Relações Institucionais ontem.

Itamaraty lotado, local que foi realizada a cerimônia, apesar do calor o clima estava muito agradável. A equipe, muitos conhecidos e alguns amigos, estavam com um ar de vitória, de conquista.

O mais legal de tudo foi sentir que a equipe toda estava radiante. Ele então, jovem petista, estava de olhos brilhantes e sorriso largo. Não é à toa mesmo, ele é o mais jovem ministro do Governo Lula, 38 anos.

Com um discurso muito informal, até demais diga-se de passagem, dizia: sou um lulista, petista e tenho um honrão em compor este governo.

Bueno, boa sorte, boa luta e sucesso nesta nova empreitada companheiro!

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Provérbio Chinês

“Se quiseres fazer planejamento para um ano
PLANTE CEREAIS.
Se quiseres fazer planejamento para trinta anos
PLANTE ÁRVORES.
Se quiseres fazer planejamento para cem anos
ORGANIZE E MOTIVE A ORGANIZAÇÃO DO POVO”.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Democratizar o Brasil: projeto da jovem geração[i]


No próximo dia 12 de agosto, será comemorado o Dia Nacional e Internacional da Juventude. Para além de uma formalidade estabelecida pela Assembléia-Geral das Nações Unidas e pela Constituição Federal (Lei 10.515/02), esta é uma oportunidade de reflexão sobre o Brasil e, mais especificamente, sobre o processo de democratização do país.

Do alto dos meus 27 anos, já me acostumei às análises que tomam a minha geração como ponto de partida para projeções, em sua maioria sombrias e céticas, sobre o futuro da nação. Pesquisadores, analistas, acadêmicos dos mais variados calibres e origens refletem sobre o destino do Brasil a partir do estudo sobre o comportamento, a cultura, as manifestações e manias daqueles que, como eu, se veem enquanto “juventude”.

Se me disse acostumado, peço perdão aos companheiros. Mal acostumado seria a expressão verdadeira. Ora, quase sempre os tais pesquisadores, por despeito, ceticismo, arrogância, saudosismo ou sabe-se lá o quê, chegam à conclusão de que “não tem jeito!”. Essa é uma geração perdida. Desmobilizada, desinteressada, alheia às grandes questões, incapaz de transformar a realidade que a cerca, quiçá, conduzir os rumos do Brasil. O veredicto é sempre esse: no que depender dos jovens de hoje, nosso país aprofundará suas mazelas e perpetuará aquilo que tem de pior. Suas principais características, as más, é claro, serão elevadas à décima potência tamanha a desorganização desta jovem geração.

Bom, em meio a este lamento, quase desabafo, gostaria de dizer que nem tudo são lágrimas.

Há quase dez anos, tenho me dedicado a ser uma exceção àquela suposta regra, junto com milhares de companheiros(as). Militei no movimento estudantil, construí movimento social, integrei e dirigi juventude partidária, participei de gestões públicas e, nestes descaminhos, pude testemunhar um sem número de atividades, mobilizações e manifestações que contradizem, contundentemente, a Tese do Fracasso.

Ao revés. O que pude enxergar é que nosso país não aproveita, não reconhece e não dá oportunidade a uma legião de jovens atores e atrizes que poderiam facilmente, seja pelo seu tamanho populacional, seja pelo seu potencial transformador, protagonizar o processo de mudanças pelo qual o Brasil necessita passar. São jovens negros e negras, indígenas, mulheres, gays, lésbicas, travestis, transexuais, rurais, trabalhadores. É tanta energia, é tanta criatividade, é tanto axé, que fica difícil acreditar naqueles que de nós duvidam. E olha que hoje, ao contrário dos tempos de outrora, as possibilidades de organização e militância se expandiram. Temos jovens no movimento social, estudantil, comunitário, ambiental, nas ONGs, nas associações, na luta pela reforma agrária, na luta sindical, nas redes, nos fóruns, nos blogs e comunidades da internet, no YouTube... Não é possível que não vejam!

Mas, moçada, nesta trajetória também percebi que o enfrentamento com os “adultos”, o embate com os “coroas”, a disputa entre gerações não é única saída possível. Há alternativa e essa alternativa significa diálogo.

É preciso combinar procedimentos, adaptar linguagens e buscar consensos. Precisamos herdar o que da lembrança ainda existe de válido e verdadeiro, e, ao mesmo tempo, atualizar novas estratégias, novas fórmulas. Precisamos ajustar os melhores valores acumulados com as novas esperanças e perspectivas. É preciso combinar tradição e inovação.No lugar da disputa entre gerações, devemos propor o diálogo geracional. E na política isso é fácil, pois a atualização da luta é tão somente terminar um serviço que eles começaram: a democratização do Brasil.

Vejam só. No lugar de apontar, de denunciar as limitações da geração de 68, devemos propor um pacto. A proposta começa necessariamente pelo reconhecimento do papel histórico cumprido pela geração do Lula, do Zé Dirceu e companhia. Precisamos bater palmas para a luta contra a ditadura, o combate ao autoritarismo, a resistência ao estado de exceção e a vitória na redemocratização do Brasil. Precisamos reconhecer que foi essa geração que protagonizou a resistência à ditadura militar, a abertura democrática e a construção de uma alternativa viável de esquerda em um país amplamente marcado pelo elitismo, patrimonialismo, clientelismo e pela subserviência ao império de plantão. Precisamos reconhecer que foram eles, e elas, que elegeram um torneiro mecânico Presidente do Brasil!

O próximo passo, após o reconhecimento, é reivindicar este legado. Ora, precisamos dizer, gritar se necessário, que somos nós os herdeiros desta luta. Somos nós a possibilidade (real) de perpetuação da luta da esquerda, da luta democrática, somos nós os herdeiros legítimos da luta socialista brasileira.

E aí vem o pacto, ou a proposta de pactuação: ao tempo que reconhecemos as históricas vitórias da geração de 68, também reconhecemos que ainda há muito a fazer. E admitimos o bônus e o ônus deste legado. Se o bônus é a reivindicação do legado da esquerda e seu acúmulo histórico, o ônus é a não finalização do processo de democratização do Brasil. A tal redemocratização dos anos 80, por exemplo, restituiu o sufrágio, as eleições diretas, o direito de ir e vir, a liberdade de imprensa, de reunião, de livre associação política, mas não foi capaz de levar a democracia – ou os valores e/ou práticas democráticas – aos grotões de pobreza do país, às periferias urbanas e rurais, às minorias étnicas e raciais, às mulheres, aos jovens. De modo geral, a tal redemocratização serviu a setores da classe média, que inclusive tem vínculos históricos com a esquerda, e à parte minoritária da classe trabalhadora, que puderam voltar a gozar de direitos fundamentais negados pela ditadura. Contudo, em qualquer periferia brasileira é possível notar que o sonho da democracia ainda é algo vago, inatingível. Pois lá, o Estado não chegou. Não chegou saúde, educação, moradia, habitação. Lá a polícia continua em ritmo de ditadura, pois atira sem perguntar, mata em rito sumário, esconde corpos, fuzila, tortura, persegue.

Precisamos, então, atualizar nossa luta. Uma luta que também é deles, mas é muito mais nossa. Até porque, a perspectiva deles hoje é bem curta, e a nossa perspectiva é de cinqüenta, sessenta anos de luta. Acredito que este argumento, de diálogo, de entendimento, de valorização do que foi historicamente construído e de necessidade de atualização e renovação das estratégias é o nosso caminho. O argumento traz consigo uma noção de continuação, de perpetuação da batalha, de herança dos valores tradicionais combinada à atualização dos novos fronts. Tradição e inovação.

No mais, estou muito convencido de que essa é a nossa missão. A construção do outro mundo possível, a disputa pela hegemonia contemporânea, passa necessariamente pela percepção de novos atores sociais, novas expressões da exploração, da exclusão, da opressão e da repressão. A construção do socialismo passa inteiramente pelo aprofundamento da democracia no Brasil. Democracia aqui entendida como algo mais amplo, mais plural do que esta que aí está.

Acredito que esta é a nossa luta. Concluir o que estes caras não conseguiram terminar.


[i] Éden Valadares, 27, foi diretor de Escolas Pagas da UNE (2002), assessor da Frente Parlamentar de Juventude da Câmara Federal (2003-06), secretário estadual de juventude do PT Bahia (2005-07), coordenador do programa de governo Wagner Governador (2006), coordenador da Conferência de Juventude da Bahia (2007), secretário-executivo do Conselho (2009) e atualmente é coordenador de Políticas de Juventude do Governo da Bahia (SERIN).

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Apartamento Novo.

Passei quatro dias encaixotando, carregando, descarregando, desempacotando coisas.
Pronto!!
Estou no apto novo.
Lindo, lindo, lindo!
Pena que meu trajeto casa-trabalho e trabalho-casa de 10 minutos aumentou para uma hora.
Mas as coisas se ajeitam aos poucos.

Me assustei


Esta semana fui na CCBB (Confederação Nacional dos Bispos do Brasil) a pedido da Irmã Lourdes, obviamente. Peguei o material que tinha para enviar para Santa Maria e na hora de pagar o Sedex a máquina do cartão emperra.

Uma confusão.

Até que a menina resolve abrir a máquina do Master Card e começou a sair um monte de formiga de dentro. Parecia cena de filme de terror.
Mulherada correndo e gritando e as formigas saindo de dentro da caixinha.

A máquina emperrou porque a bobina de papel matou algumas delas.

Ai. Deu medo. Será que viram que faz tempo que não rezo?

Um pouco de tudo.

Faz dias que não escrevo. A correria do dia-a-dia está tremenda que parece que não tenho tempo para isto. Hoje estava pensando.... me faz tão bem escrever neste "diário-virtual" que não posso deixá-lo tanto tempo abandonado.

Hoje poderia escrever sobre várias coisas, como: a minha indignação por não ter um atendente ou pessoa desconhecida que não me chame de Senhora. Há um ano atrás me chamavam de moça, senhorita, menina. Ai. Acho que é o novo corte de cabelo (assim espero e me iludo).

Poderia também escrever sobre a minha indignação com o ginecologista que me atendeu há quinze dias atrás. Estou tentando escolher este especialista aqui em Brasília, já que não posso trazer o que me atendia há dez anos em Santa Maria. O cara (nem vou chamá-lo de médico) foi tão estúpido que nem parecia que estava tratando com uma mulher, com um ser humano. Mandou fazer a bateria de exames (que eu disse que fazia todos os anos) e na outra consulta nem me olhou nos olhos para dizer que estava tudo ok. Pois bem, fui apenas mais uma "cliente", e mais uma que não volta mais naquele consultório inclusive. Fico triste em ver estes "profissionais" da saúde que não sabem lidar com pessoas. O meu ginecologista de Santa Maria era praticamente meu terapeuta.
Preciso além de gineco, achar um dentista, um oftalmo e um clínico geral. Preciso também encontrar uma boa costureira, trocar de sapateiro, já que me mudei novamente. Encontrar uma boa pizzaria em Águas Claras e uma farmácia também. Um posto de gasolina, uma padaria e um mercado. Não. Mercado eu já achei.

Mas acho que não vou falar sobre isso também. Quero relembrar o "alhos com bugalhos" que minha mãe se referiu quando fui a Santa Maria.

Foi tão rápida a minha passada pela cidade que só tive a sexta à noite para reunir com meus amigos e familiares. Na hora que comecei a dizer quem iria ao churrasco ela me disse: "pára mana, tem que separar. Tu faz estas tuas junções 'alhos com bugalhos' e não dá certo!". Dá sim. Sempre gostei de reunir tooodos os meus amigos nas mesmas datas. Gosto que meus amigos sejam amigos dos meus amigos.

No churrasco tinha amigos do colégio, da faculdade, ex-vizinhos, ex-colegas da prefeitura, companheiros de partido, amigos de infância, parentes, afilhado. "Tudo junto e reunido". Dizia um amigo meu: "eu sabia que ia ser um público eclético, que ia ter um punk, um de terno e um skatista e ia estar todo mundo junto."
Não foi tão eclético assim, mas foi muito bom.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Ricardo Ceratti


Estou triste. Muito triste.
Perdi um dos meus melhores amigos.

Conheci quando fazíamos cursinho pré-vestibular no Fóton. Na época matávamos cursinho juntos para tomar chimarrão na praça do shopping.
Desde lá saímos juntos para festas do cursinho, festas da faculdade, boate do DCE, Cinderelas, concentras antes de festas, barzinhos e muitos pontos de cinema.

Foram 10 anos de amizade.

Não é porque faleceu que virou santo. Mas não lembro de nenhum episódio ruim com ele. Parceria mesmo. Amigo mesmo.
Passei várias festas comemorando o Natal e bailes de reveillon com ele.
Depois que vim morar em Brasília não teve uma vez que fui a Santa Maria que não nos encontramos para tomar uma cerveja e colocar em dia os acontecimentos de nossas vidas.

Eu o chamava de vassourinha. Pois, pegava todas as colegas e amigas.
Lembro uma vez nós no Shopping, estávamos entre 7 meninas e o Ricardo, ele levanta da mesa para ir ao banheiro e começamos a nos olhar. Rimos, pois ele já tinha ficado com todas nós. Ele tinha um dom: Ficava, namorava com as garotas e depois continuava amigo. Amigo de ser parceiro de sair para beber e “caçar”juntos.

Uma vez ele no quartel, o comandante pergunta pra ele o que era a marca vermelha no pescoço dele. E ele fala bem forte e alto: “sucção labial, senhor!”. Os colegas não se agüentaram e riram muito.
Nas festas ele bebia tanto que chegava uma hora que ele não conseguia mais focar a gente nos olhos.
Era uma pessoa divertidíssima.

Minha mãe falou que talvez tenha chego a hora dele. Que ele já deve ter cumprido a sua missão aqui conosco. Mas eu não acredito nisto. Não acredito mesmo.
Ainda estou em choque. Depois do meu avô não tinha perdido ninguém próximo.
O Ricardo era meu irmão, meu parceiro, meu amigo.
Chorei, chorei muito este final de semana. Mas saí. Saí e bebi muito por ti. É assim que lembro de ti. Festiando, brincando, rindo, bebendo, fumando.

Como pode um cara gente boa como tu, ter tido uma morte tão estúpida. Como pode meu amigo, ter ido embora sem nem mesmo me ver casar, pegar meu filho no colo?? Como pode ter ido sem nem mesmo se despedir?

Quem não gosta de boas notícias?

Esta semana fiz uma coisa que fazia dias que queria fazer: Liguei para falar com meu tio por telefone.
Devido ao a.v.c. ele ainda não fala direito, mas tenho certeza que ele entendeu o que falei pra ele.
Ele sempre incentivou os sobrinhos a correr atrás das conquistas, dizia que não era pra ter medo de ganhar dinheiro, de comprar as coisas. Acho que é o tio mais capitalista que eu tenho. Mas também é o que mais visão de futuro tem.

Deu risada de satisfação quando contei que tinha comprado um carrinho zero. Contei que estava num novo emprego e ele falou algumas coisas que não sei bem o que foi. Mas com certeza algumas dicas que vou querer saber mais adiante.

Aproveitei e falei com o Tiago, meu primo que é excepcional. O Tiago dizia: "prima to com saudades, eu gosto de ti".
Ganhei a semana.
Morro de saudades dos apertões e beijos melados que ele dá.

A tia quando pegou o telefone queria saber o que tinha falado com o tio, pois ele deu risada e um sorriso grande.

Mas quem não gosta de partilhar coisas boas?

Contradições

A vida da gente às vezes é contraditória. Passei a faculdade inteira no movimento estudantil criticando a mercantilização do ensino.
Chego na UNB e pago R$600,00 para fazer três disciplinas como aluna especial do mestrado.
À vista, sem choro e nem vela.

sexta-feira, 27 de março de 2009

Comentários

Descobri que tenho mais de três leitores assíduos e eventuais...
Que feliz!!!!
Leiam e comentem, por favor!!!!

quinta-feira, 19 de março de 2009

A tumba está em festa*


Antes de falar da vitória de Maurício Funes e da FMLN, é preciso falar da Aliança Republicana Nacionalista, a Arena.
Fundada em 30 de setembro de 1981, Arena é um partido assumida e doutrinariamente de direita, que tem entre seus princípios a luta contra a “penetração ideológica e a agressão permanente do comunismo internacional”.
Arena venceu as eleições presidenciais de março de 1989 e desde então governa El Salvador. Seu candidato às eleições de 15 de março de 2009 era o engenheiro Rodrigo Ávila, ex-chefe da Polícia Nacional Civil, graduado na Academia do FBI e consultor internacional em “segurança pública”.
Arena vive e pensa com parâmetros da Guerra Fria, a tal ponto que tem um vice-presidente encarregado de “assuntos ideológicos” e um hino que proclama: “pátria si, comunismo no”. E para que não restem dúvidas sobre os métodos, lá também se diz que “El Salvador será la tumba donde los rojos terminarán".

Desde 1994, Arena vem disputando as eleições presidenciais contra a Frente Farabundo Martí pela Libertação Nacional, guerrilha que se converteu em partido político após os Acordos de Paz firmados em 1992.
O desempenho da FMLN nas eleições presidenciais foi crescente: em 1994, Ruben Zamora chegou a 26% dos votos; em 1999, Facundo Guardado obteve 29% dos votos; em 2004 Schafk Handal obteve 35% dos votos. Ao mesmo tempo, manteve uma intensa vida partidária, forte atuação parlamentar e nas lutas sociais, bem como sua atividade internacionalista.
Para as eleições de 2009, a FMLN fez um movimento extremamente ousado: decidiu lançar a candidatura de Maurício Funes, conhecido jornalista da CNN. Este gesto, seguido por outros, no terreno programático e na condução da campanha, ajudou a FMLN a ganhar o apoio de setores de centro, inclusive empresários.

Noutro cenário, esta flexibilidade talvez não resultasse na vitória. Mas no ano de 2009, a conjuntura não favorecia a direita. A administração Obama disse formalmente que governaria com quem vencesse as eleições, não repetindo a ingerência aberta e declarada praticada nas disputas anteriores. A crise econômica internacional e a onda de vitórias eleitorais da esquerda latino-americana também enfraqueceram a candidatura da Arena.
Esta conjuntura foi essencial para a derrota da direita, apesar da fortuna gasta nas eleições, apesar da campanha suja (implementada por gente ligada à direita mexicana e chilena) e apesar das fraudes cometidas no processo eleitoral.

Todas as pesquisas eleitorais, desde o início da campanha, indicavam a vitória de Funes. As duas pesquisas de boca-de-urna apontavam uma vantagem pró-FMLN que podia chegar a 8 pontos percentuais. Ao final, a esquerda venceu com 51,2% dos votos ou 68 mil votos de vantagem (de um total de 2.630.137 votantes, 1.349.142 votaram na FMLN e 1.280.995 votaram na Arena).

A diferença não foi maior por vários motivos, entre os quais a fraude, facilitada pelas características peculiares do processo eleitoral salvadorenho. O “padrão eleitoral” é composto por todos os salvadorenhos que tenham o documento unificado de identificação (a nossa carteira de identidade). Neste universo, havia comprovadamente um grande número de documentos falsos, duplicados, de pessoas que já haviam morrido, de pessoas sem domicílio conhecido, de pessoas que residem no exterior. Em segundo lugar, a votação não é feita por local de residência, mas sim por ordem alfabética (no caso, a primeira letra do sobrenome paterno), obrigando deslocamentos da população, num país onde não há transporte público e onde o voto não é obrigatório. Em terceiro lugar, a direita arregimentou eleitores em países vizinhos, a quem foram entregues documentos falsos ou de pessoas ausentes do país. Em quarto lugar, o Tribunal Supremo eleitoral é controlado pela Arena, que indicou 3 de seus 5 integrantes, inclusive o presidente.

Encerrada a votação, a direita demorou algumas horas para reconhecer a derrota. Ao faze-lo, pediu “prudência” e “sabedoria” para a esquerda, alertando que o país estava “dividido ao meio”. Esqueceram de dizer que a polarização foi a tônica da campanha da Arena, que “acusava” Funes de “comunista” e de “chavista”.
Funes não é uma coisa, nem outra. Em seu discurso de campanha, na coletiva em que proclamou a vitória e no pronunciamento que fez na festa popular da vitória, deixou claro que fará um governo de esquerda, mas adequado às condições econômicas e políticas de El Salvador. Nas várias entrevistas concedidas depois da eleição, ele também repeliu com muita tranqüilidade as seguidas tentativas de colocá-lo em conflito com a FMLN.
Como sabemos por experiência própria, os maiores desafios começam agora, especialmente a partir da posse, no dia 1 de junho de 2009.

Mas uma coisa é certa: a tumba dos vermelhos, onde estão milhares de salvadorenhos e combatentes internacionalistas que deram sua vida na luta pelo socialismo em El Salvador, está em festa. Merecida festa.

* Valter Pomar, secretário de relações internacionais do PT.

segunda-feira, 9 de março de 2009

Anônimo Singular


Eu já fiz parte de uma multidão, já fui um grito completando a vaia, uma voz completando gritos de guerra no movimento estudantil...
Já fui passageiro, caminhante, apenas um número de CPF, de identidade, um número de cartão de crédito, pra alguns uma conta bancária, um nome na chamada da escola ou apenas mais um dos carros no engarrafamento

um nome na fila de espera, uma ficha na fila do banco, outro número qualquer...
um paciente, um cliente,
fui parte da massa, do povo, da galera, compus uma cultura, a minha cultura.

Fui parte do aglomerado em pleno carnaval, integrante da platéia, do público e também do público alvo.
Algumas vezes parte do show e do espetáculo.

Uma risada perdida, uma gargalhada seguida de outra mais gostosa ainda. Também fui um choro, que assistia a um drama.
Fui um sorriso, após um elogio.
Um olhar, um beijo, uma palavra de consolo e ainda uma palavra de amor..

Podemos ser tantas coisas, singulares, ímpares e também anônimos como partes de algo qualquer.

Vida Plena


Estava lendo um livro de Dalai Lama, muito ruim por sinal, mas que me fez pensar quando disse que a “verdadeira natureza das coisas é a impermanência” e que “pensando assim não ficaremos chocados com as mudanças quando elas acontecerem, nem mesmo com a morte, pois a vida é cíclica e impermanente”. Afirma que é certo que vamos morrer, só não sabemos quando, e complemento, nem como.

Eu tenho medo e um certo desconforto quando penso na morte, assim como na solidão.
Não somos preparados para morrer, nem para sermos sós no mundo. Nem parece que a morte é uma coisa natural e que faz parte do ciclo da vida. É que culturalmente pensamos somente na vida, em viver plenamente e rodeados de pessoas que queremos bem.
Eu não gosto de pensar, e nem mesmo de escrever sobre a morte. Me parece assustador, apesar de ser “líquido e certo”.

Em um capítulo do vendedor de sonhos, Augusto Cury lança algumas reflexões interessantes. Como: “o que você gostaria que fosse escrito na placa do seu túmulo, quando morresse?”

Em fases de muita felicidade e que as coisas estão dando muito certas, como a que estou vivendo agora, me dá muito medo de morrer. Numa das minhas idas para a noite do carnaval do Rio pensava exatamente nisso, a gente pode ser tão feliz e com tanta intensidade que não é justo a vida ser interrompida.

É tão bom viver....

Em meu velório não quero choros e nem velas. Quero homenagens. Quero que relatem as coisas que viveram comigo, todas as que lembrarem, não importa se boas ou ruins.

Só não se esqueçam de dizer: ELA GOSTAVA E SABIA VIVER.

terça-feira, 3 de março de 2009

O Rio de Janeiro continua ímpar


O Rio está cada vez mais apaixonante. Praias lindas, homens bonitos (e mulheres também), calor, sol, festa e carnaval.

Após um bloco de carnaval o povo resolve acabar a festa no apartamento de uma das cariocas. Chegamos no apto em Ipanema.
Lindo!!!E curiosamente decorado.
Eis que a garota abre a janela. A vista não era do corcovado, mas sim da favela do Cantagalo.
Imaginem a curiosidade da gaúcha interiorana. Fui direto para janela.

Começamos a beber e começou a brincadeira mais intelectual do carnaval.
Tínhamos que fazer mímica do nome do filme que outro ditava, os outros tinham que adivinhá-lo através dos gestos.
Beleza!

Após vááárias cervejas, vou ao banheiro.
Hilário! Na parede do banheiro, um mural de fotos dos amigos, na frente do vaso sanitário um armário antigo, com porta-retratos de fotos da família, uma cesta de chinelos havaiana e outra de livros.

2 horas da manhã: funk na favela!!!!
Vou a janela e vejo nitidamente (e sem óculos) três caras com armas na mão.
Nem lembrava que estava no Rio de Janeiro.

Conheci a Edi

Apressada, pra variar estava atrasada, fui à primeira reunião de condomínio.
Assisti àquela baboseira e depois teses e teses sobre possibilidades para o financiamento do apartamento. Pensei: não dão ponto sem nó mesmo!!!

Finalizada a reunião, veio uma ínfima frustração..queria me mudar para o apartamento novo ainda em fevereiro.
Ok, ok! Março ainda é início de ano, mas adoro mudanças em fevereiro.

Comendo as guloseimas do coquetel oferecido pela construtora, olho uma moça supostamente conhecida.
Passou...comecei a pensar no carnaval, pois tinha que planejar algumas coisas para a viagem.

Voltando para casa, a moça me olha e pergunta: “você mora na 306 norte?”
Respondo que sim e começamos a rir.

Minha vizinha de apartamento.
Rimos, pois seremos vizinhas novamente. Mesmo tendo inúmeras opções de apartamentos em Águas Claras.

Antes que pegássemos o metrô precipitei-me e perguntei seu nome.
Maravilha!!Conheço, conversei e fiz amizade com uma vizinha! Querida que só.

Hoje fiz um bolo, se tivesse ficado bom teria levado um pedaço à Edi. Ao menos esta foi a intenção quando comecei a cozinhá-lo.

O outro ângulo das coisas


Fazia dias que não lia um livro verdadeiramente bom.


“O vendedor de Sonhos – O Chamado”
de Augusto Cury
.



Está aí a dica.




Ele fala em ser humano sem fronteiras e mostra quatro princípios:

1) Acima da raça, cultura e nacionalidade. Os seres humanos estão acima das fronteiras e devem posicionar-se com o compromisso vital de proteger a espécie humana e o meio ambiente.
2) Lutar contra toda forma de discriminação e apoiar toda forma de inclusão.
3) Respeitar os diferentes.
4) Promover a interação entre povos de diferentes culturas e crenças.

Roubam-nos a rosa e o perfume


Entro na zebrinha (microônibus de Brasília) e no volante uma mulher bonita, loira, olhos azuis e toda maquiada.
A atenção com os passageiros era de dar inveja a qualquer motorista com décadas de direção.

Um senhor acena para o ônibus, a moça pára e diz: não, senhor!Aqui o seu direito não é garantido.

Perguntei o porquê dele não poder entrar. E ela me diz: a empresa não aceita passe livre. Não temos como controlar quantas pessoas utiliza o transporte gratuitamente, portanto não podemos deixar ninguém embarcar.

É. Ainda não está garantido o direito em todos os espaços e, se deixarmos, aos poucos vão tolhendo os que estão conquistados.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Inclusão até nas brincadeiras

Brasília tem umas coisas out. Participo de certas festas que nunca imaginei ou sonhei em participar. Requintes fora da realidade de uma garota do interior, de família da classe trabalhadora brasileira.

Festas na beira do lago, regadas a whisky, champanhe e vinho.
Cerveja? Até tem. Mas as pessoas não tomam muito.
Garçom. Lancha. Espelhos. Sofás. Tapetes. Almofadas. Piscina. Sauna.
E não é motel!É casa!ou melhor Mansão.

Eis que para tirar sarro começamos a tirar fotos na mansão luxuosa.
Começamos a se revesar para tirar fotos sentadas no sofá e com o garçom servindo champanhe na taça de 800 conto.

Grita um: “Agora é a vez do garçom!”.

Pensei: “Claro! Só podia ter petistas na festa”.

Carinho não se apaga


Troquei meu celular e estava apagando as mensagens do celular antigo para doá-lo.
Li, reli, e não consegui apagar todas as mensagens. Mensagens de amigos de longe, de perto.

Revivi várias coisas. Mensagens da minha mãe dizendo que tinham acabado de cantar parabéns para meu irmão, páscoa passada distante, tsunami do pai, decisões sobre o futuro, msg de apoio, de saudades, de ciúmes. Me senti queria, muito querida por meus amigos, pela minha mãe e meus irmãos.

Estes dias estava que nem traça em livros. Limpando tralhas. Parei horas lendo cartas de anos atrás. Pensei em colocar fora, mas elas ainda estão aqui no meu quarto.

Viver de lembranças? Óbvio que não! Quem me conhece sabe que não vivo delas. Mas é tão bom reviver certas coisas.

Por enquanto estão ali! Cartas antigas, poesias recebidas, e-mail’s relidos. Mensagens de amigos que estavam no bar e que diziam “amiga, só falta tu”!

Tudo bem, tudo bem!!! Há quem possa deixar um comentário dizendo: “guria, tu já falou disso várias vezes aqui neste blog”. Mas como não contar novamente se reli umas 5 mensagens iguais hoje e não apaguei nenhuma delas.

Farei mudança mês que vem. Talvez a papelada eu deixe, talvez o celular eu dê. Mas o carinho e as lembranças são eternas.

Obrigada!

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Minha casa, nossa casa

Perdi as contas de quantas pessoas já se hospedaram na minha casa. Hoje foi embora a namorada de um amigão meu de Minas. Moro sozinha em Brasília há nove meses e umas trinta pessoas já dormiram na minha casa.

Amigos e companheiros de vários estados do Brasil. Pará, Santa Catarina, Ceará, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Goiás, Paraná, Minas...

É muito gostoso isso. Saber que os amigos podem contar e contam com a gente.
Que bom!

Quem sabe um dia terei uma casa maior, com pátio, piscina..
aí, sim, terei mais prazer em receber os amigos.

Em Santa Maria fazia muitas festas na casa da minha mãe. Lembro que desde o primeiro grau fazíamos festas de final de ano lá, não sabíamos a data, mas o local era sempre consenso. Sempre gostei de receber os amigos, e é uma coisa de família mesmo, minha mãe é assim também.
Na casa da mãe já se hospedaram pessoas inclusive de outros países como Cuba, Suíça, Argentina, entre outros. Sempre teve as portas abertas para as pessoas queridas.

Na minha casa agora só falta a churrasqueira, a piscina e um espaço maior para junções.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Univesidade Solidária, Projeto Rondon


Estava olhando as fotos de um amigo que está no Projeto Rondon - Universidade Solidária no interior de Goiás (a foto deste post é dele inclusive).

Só de olhar as fotos já dá saudades daquela experiência que vivi em 2003. Todo universitário deveria ficar isolado em uma comunidade carente do interior do Brasil para saber o que é sociedade, o que é necessidade, precariedade, analfabetismo, carência, pobreza.
Os acadêmicos saem da Universidade sem saber o que é o Brasil. E, muitas vezes, sem ter a clareza do comprometimento e do dever que temos com a sociedade.

Aprendi muito. Ficamos um mês no interior de Pernambuco, sertão nordestino, trabalhando com multiplicadores - agentes de saúde, enfermeiros, agentes jovens, grupo de idosos, comunidade indígena, etc. Troca de experiências riquíssima, aprendizado acadêmico-prático e de vida extraordinários.

Éramos em 11 pessoas na equipe em uma casa com dois quartos e um banheiro apenas. Sem água. Tomávamos banho com duas garrafas Pets. Eu, com cabelo comprido, conseguia tomar banho e lavar os cabelões com 4 litros d´água. Para ir ao banheiro levávamos um balde para jogar no vaso sanitário após utilizá-lo.

Loucura!!!Alguns diziam: "Nunca mais!" (e agora morrem de saudades também). Outros, já diziam desde o início: "melhor experiência de vida que tive".

Eu tirei muitas lições. Com certeza hoje sou muito mais humana, mais solidária, mais socialista.

Apenas por isso? Não! Mas foi o primeiro choque de "realidade" que tive.

Tão perto e tão longe. Tão longe e tão perto.


Moro num prédio que possui 20 apartamentos. Chegando em casa ontem, ao abrir a porta do prédio, veio uma senhora me perguntar se eu conhecia a Conceição. "Não, não a conheço", respondi à Senhora.

Subindo as escadas me dei conta que não sabia o nome de nenhum dos meus vizinhos. Pior, estou morando há quase um ano no mesmo prédio e nunca troquei uma frase com nenhum deles (óbvio que quando os encontro no corredor eu cumprimento, mas isto não conta).

É engraçado como posso fazer uma festa numa noite e na manhã seguinte contar para meus amigos que estão a 3 mil Km de distância e não conversar com meus vizinhos que ficam a metros de onde durmo toda a noite.

Lembro que em um dos bailes de formatura da UFSM, um rapaz me tirou para dançar e falou: "Bah! tu nem cumprimenta as pessoas!" e eu: "por que deveria cumprimentar se não te conheço?" . Prontamente ele retrucou: "Mas deveria conhecer, sou teu vizinho, moro no apartamento em frente ao teu".

Isto foi há três anos, no coração do Rio Grande. Mas "acho" que continuo não prestando muito atenção na presença dos vizinhos....

Será que sou eu???Fiquei pasma com minha frieza, individualismo ou qualquer coisa que isto possa ser classificado.

Mas, a correria do dia-a-dia é tamanha que quando chego em casa quero mais é ficar trancada em casa sozinha mesmo.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Absurdo! O mundo maldito que vivemos*


Vou fazer um slideshow para você. Está preparado?
É comum, você já viu essas imagens antes.
Quem sabe até já se acostumou com elas.

Começa com aquelas crianças famintas da África.
Aquelas com os ossos visíveis por baixo da pele.
Aquelas com moscas nos olhos.
Os slides se sucedem.
Êxodos de populações inteiras.
Gente faminta.

Gente pobre.
Gente sem futuro.
Durante décadas, vimos essas imagens.

No Discovery Channel, na National Geographic, nos concursos de foto.
Algumas viraram até objetos de arte, em livros de fotógrafos renomados.
São imagens de miséria que comovem.
São imagens que criam plataformas de governo.
Criam ONGs.
Criam entidades.
Criam movimentos sociais.

A miséria pelo mundo, seja em Uganda ou no Ceará, na Índia ou em Bogotá sensibiliza.
Ano após ano, discutiu-se o que fazer.
Anos de pressão para sensibilizar uma infinidade de líderes que se sucederam nas nações mais poderosas do planeta.
Dizem que 40 bilhões de dólares seriam necessários para resolver o problema da fome no mundo.
Resolver, capicce?
Extinguir.

Não haveria mais nenhum menininho terrivelmente magro e sem futuro, em nenhum canto do planeta.
Não sei como calcularam este número.
Mas digamos que esteja subestimado.
Digamos que seja o dobro. Ou o triplo.
Com 120 bilhões o mundo seria um lugar mais justo.

Não houve passeata, discurso político ou filosófico ou foto que sensibilizasse.
Não houve documentário, ong, lobby ou pressão que resolvesse.
Mas em uma semana, os mesmos líderes, as mesmas potências, tiraram da cartola 2.2 trilhões de dólares (700 bi nos EUA, 1.5 tri na Europa) para salvar da fome quem já estava de barriga cheia...

Como uma pessoa comentou, é uma pena que esse texto só esteja em blogs e não na mídia de massa, essa mesma que sabe muito bem dar tapa e afagar.

Se quiser, repasse este texto, se não, o que importa? O nosso almoço já tá garantido mesmo .


Neto, diretor de criação e sócio da Bullet, sobre a crise mundial.

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

SAUDADE, é seu dia!

Palavra única do nosso dicionário, talvez a mais bonita delas, pois é mágica, inspiradora.

Sempre digo que é bom sentir saudades. A gente nunca sente saudade de coisa ruim, só de coisas boas. Se sentimos saudades é porque vivemos coisas boas, conhecemos pessoas marcantes.

"A saudade até que é bom, é melhor que caminhar vazio",
já dizia a música do Peninha.


31 de janeiro, dia da saudade.

Namorado e amigos


No baile de formatura do meu primo encontrei um amigo muito querido, fazia mais de dois anos que não o via. Levantei para ir cumprimentá-lo com um sorriso largo no rosto e me tratou como se eu fosse uma mera conhecida.

Voltei meio cabisbaixa para a mesa e minha mãe comentou: "ué?não era teu amigo? achei tão fria a conversa de vocês". Contei que ele estava com a namorada e que ela era ciumenta. Meu tio e minha tia deram razão a ele e ainda acrescentaram: "quando a gente namora ou esta casado não podemos mais ter amigas, ou amigos no caso das mulheres".

Mas eu pergunto: "Por quê???"
Grande bobagem!!!!
Em que século vivem?

Eu solteira, namorando, noiva ou qualquer que seja a minha situação civil trato meus amigos e amigas da mesma forma. Faço festa ao ver amigos de infância com a mesma alegria.
Amigos e amigas não tem sexo. Esta bem..tudo bem! Claro que têm! Mas aí vai do respeito e confiança que o casal tem na relação. Mas não poder conversar com um amigo de mais de dez anos é sacanagem.
Eu tenho amigos, e eles não mudam de "classificação" dependendo do meu estado civil.

Tenho amigas que quando começam a namorar se isolam. Como se só o namorado existisse, vivem pra ele. Acho muito estranho isso e não concordo, ou melhor, quem sou eu pra concordar ou não. Simplesmente eu não faço assim.

Já acabei relacionamento porque o namorado não gostava das minhas amigas e nem elas dele, pra ajudar minha mãe detestava ele também. Algo de errado há quando isso acontece, não?
Não que meus relacionamentos precisam ser aprovados por todos os meus amigos e familiares. Mas que isso pra mim pesa, pesa.

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Em tempo...


A Jeanne voltou à ativa!!

Família


Sempre é bom voltar pra casa. Ainda mais quando amamos quem um dia deixamos na cidade que vivemos por anos. Não nasci, mas cresci em Santa Maria..

Me deu uma vontade muito grande de visitar a casa onde fui criada e vivi 20 anos da minha vida.
Então fomos visitar a casa em Camobicity. Linda!! Está ainda mais linda do que era quando morávamos nela. Espero que aquela família seja tão feliz quanto nós fomos lá.

Reencontrei amigos, como sempre. Fomos ao tão saudoso Ponto de Cinema, no Absinto, no Mariat e em tantos barzinhos com voz e violão que tanto sinto saudade nesta capital que não oferece música ao vivo de qualidade a três/quatro reais o couver.

Passei um mês na casa da mamis. Um mês com meus irmãos, amigos, primos. Tão bom colo de mamãe e risadas com primos e irmãos que quase deu vontade de ficar pelo sul.

No Natal saímos à noite, fomos no Absinto Hall. Um criaredo que parecia que eu estava recomeçando a faculdade. Mas eis que reencontro um “amigo”. Começamos a conversar e a relembrar as festas que fazíamos juntos.

No almoço do dia 25 comentei com minha família que tinha encontrado um amigo e que a primeira vez que ficamos foi há dez anos. Minha mãe deu risada e disse: “e eu que encontrei o Barbozinha que eu namorei há trinta anos”. Minha avó pra não ficar atrás retrucou: “ano passado encontrei meu primeiro namoradinho, mas há 70 anos atrás a gente só podia encostava uma mão na outra”.

Deus queira que eu chegue aos 86 anos com o gás da minha avó (acabo de saber que será bisavó pela primeira vez).

Carinho e Gratidão


Tem coisas que a vida não apaga. Gratidão é uma delas.
Na semana que cheguei a Santa Maria me ligaram: “Jê, tu ficou sabendo do teu ex-namorado? Sofreu um acidente ontem”. Imediatamente liguei para ele. Estava melhor, mas no hospital ainda.
Já em casa, fiz uma visita a ele.

Namoramos três anos. Muitas coisas vividas juntos. Muitas risadas, muitas festas, muitos sorrisos. E quando eu mais precisei de um amigo, parceiro, namorado, ele foi tudo isso.

Não foi a toa que fiz mais de uma visita a ele, e que minha avó e minha mãe também foram visitá-lo. Não foi a toa que minha ex-sogra cobrou a visita dos meus irmãos também.

O companheirismo é uma coisa que independe do sexo e da relação (se é de amizade, amor, coleguismo). E este sentimento nenhum tempo apaga.

Lembro que foi quando descobrimos que a pessoa que mais amo na vida estava passando por um sério risco de vida, e foi ele que me disse: “calma, vai dar tudo certo e eu estou aqui pra te ajudar a segurar esta barra”. Não foi da boca pra fora. Foi um ano de quimioterapia, radioterapia, sofrimento. E ele ali. Sempre junto.

Numa das minhas crises de choro em que eu dizia: “se a mãe teve, eu também terei câncer de mama”. Ele disse: “tu não vai ter, mas se tiver, não tem problema, eu estarei aqui pra te cuidar”. Me acalmou e selou uma amizade para a vida toda.

A vida dá rumos, estradas e futuros diferentes pras pessoas, mas não é por isso que elas deixam de se gostar. Digo e repito: “terás sempre em mim uma amiga.”

O carinho que todo mundo vê em nossos olhos é de pessoas que se gostaram muito e que sentem muito carinho um pelo outro. Que bom! Te quero sempre assim: meu amigo!

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Promessa é dívida

Não gosto que me prometam nada. Nunca gostei.

Este é um bom motivo que me faz não prometer o que não posso cumprir. Desde pequena fico esperando quando as pessoas prometem algo. Talvez ainda não tenha aprendido que as pessoas mentem, que passa a vontade, que falam por educacão. E acho que este tipo de coisa não quero aprender mesmo.

Não importa o tamanho nem o que é a promessa. Pra mim promessa é dívida. Sempre foi.
"te ligo", "sábado vamos na festa", "iremos no parque", "no cinema", "nos vemos esta semana", "quando tu passar no vestibular farás a carteira de motorista", "hoje compraremos aquele algodão-doce que tu gosta", "amanhã a gente faz alguma coisa junto, te ligo pra combinar".

A mãe é uma que nunca me prometeu algo que não tenha cumprido. Minto. Acabo de me lembrar que desde meus quinze anos ela promete me apresentar o que tem de melhor na minha cidade natal, São Paulo, e até hoje não fomos juntas para a capital paulista.

Canso de dormir antes de festas e não estar mais animada para ir na festa combinada com os amigos. Não importa. Vou pela parceria, pela promessa, e, claro, por saber que a animação vem rapidinho junto dos amigos.

Se eu não quero fazer algo eu digo antes: "Não vou", "não quero", "não gosto", "não posso".

Mas cada um tem a postura e os valores que escolhe.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Dirceu, o Líder!


Não é a toa que gritamos: "Dirceu, guerreiro!!!Do povo brasileiro!!!"


Entrevista com José Dirceu


A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, tem grande chance de vencer as eleições de 2010, caso seja a candidata do PT para a sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Essa é a opinião do ex-ministro José Dirceu, em entrevista publicada pelo jornal O Estado de S.Paulo no último dia 30.

"Ela, na verdade, a cada mês que passa, conquista a adesão de militantes e dirigentes do PT. Cada dia é mais conhecida no País. É a candidata do presidente Lula, do PT e tem grandes chances de ir para o 2ª turno. (…) Eu não vejo por que nós não possamos vencer essas eleições de 2010", afirmou Dirceu.

Na entrevista, Dirceu falou ainda de sua militância política, suas atividades atuais e sua luta para ser anistiado na Câmara dos Deputados, entre outros assuntos. Leia a íntegra do que foi publicado.

Estado - Três anos depois de ser cassado, o senhor ainda pensa na possibilidade de anistia?

José Dirceu
- Depende. A rigor eu tenho direito à anistia, porque a Câmara dos Deputados me cassou sem provas. Fez uma cassação política, mas não no sentido que os deputados dão, de que uma cassação sempre é política. É lógico que é política, mas no meu caso, formou-se uma maioria, independentemente de eu ser culpado ou não, o que evidentemente é inaceitável. É uma ilegalidade e a Constituição me garante a verdade, a presunção da inocência, a não culpabilidade. Então, eu poderia sim pedir a anistia. Mas tomei a decisão de não fazê-lo até ser julgado pelo Supremo Tribunal Federal. E tenho certeza que a absolvição vai acontecer. Não tenho medo do julgamento e espero ser julgado o mais rápido possível para que eu possa pedir a minha anistia. Se o STF der sinais ou provas que só vai julgar em 2013 ou 2014, ou seja, 8 ou 9 anos depois que fui acusado de chefe de quadrilha e corrupto, evidente que vou pedir anistia. Até porque acredito que tenho esse direito.

Estado - Qual seu projeto para retomar suas atividades políticas?

José Dirceu
- Faço atividade política, nunca deixei de fazer. Faço ou para me defender, ou para participar como militante da vida interna do PT, ou ainda como cidadão, como profissional. Participo do debate político do País com o meu blog (http://www.zedirceu.com.br/), com entrevistas, palestras. Trabalho como advogado e consultor, sempre tendo em vista um projeto de desenvolvimento para o País. Não trabalho como advogado e consultor olhando só a minha atividade profissional e a minha sobrevivência. Gostaria de voltar plenamente à atividade política, mas não tenho projetos sobre o que vou fazer. O meu projeto agora é me defender, provar minha inocência.

Estado - Durante a Satiagraha, o senhor reclamou de grampo e de invasão em seu escritório. Ainda acha que seus passos estão sendo monitorados por órgãos do governo?

José Dirceu
- Meu caso - e agora tenho a visão de tudo o que aconteceu esse ano - é escabroso, um case mais do que um caso. No começo do ano, soube pela imprensa que o sigilo do meu telefone tinha sido, por autorização judicial de um juiz (Fausto de Sanctis), interceptado a pedido do promotor público do caso Satiagraha. Era o mesmo promotor do caso MSI Corinthians, como também o delegado é o mesmo na Satiagraha e no caso MSI Corinhians (Protógenes Queiroz). Pois bem, até hoje - e basta olhar o inquérito para ver - não há nenhuma fundamentação legal para interceptação telefônica. Mas houve a interceptação, e não só a minha, como a do meu advogado, do assessor que faz a minha agenda, do advogado do escritório a mim associado em Brasília, de um outro assessor meu em Brasília e da Evanise Santos, minha companheira. Essas interceptações telefônicas estão caracterizadas como abuso de autoridade. Eu, infelizmente, não representei contra o juiz no Conselho Nacional de Justiça naqueles meses de abril e maio, quando isso veio a público. Fiquei sabendo pela imprensa, e basta ler o inquérito do MSI Corinthians, para ver que não há nenhuma razão. Na verdade, o objetivo deles já era a Operação Satiagraha. Não sei por que razão, mas toda a investigação da Satiagraha demonstra isso. Inclusive, não há uma única vez a citação do meu nome, e olha que é quase um ano e meio de investigação. No relatório do inquérito eu sou citado naquilo que é uma verdadeira fraude do delegado. Então, o HD, os e-mails e o relatório (da investigação) mostram que havia um objetivo pré-determinado, e depois se procurava encaixar os fatos ao objetivo de me prender e transformar num grande evento sensacionalista a minha prisão. Isso quando eu não tenho nada a ver com a Operação Satiagraha, com o Oportunity e nem com o Daniel Dantas. A própria investigação deles prova isso. Tenho a meu favor que todas as investigações feitas até agora a meu respeito me inocentam.

Estado - Qual a sua relação com o presidente Lula? Se falam, se visitam? Quando foi a última vez que conversaram?

José Dirceu
- Minha relação com o presidente Lula é de companheiro, de amigo e de um ex-ministro, ex-presidente e ex-deputado do PT. Não é a mesma relação que eu tinha antes com ele, uma relação de trabalho, de dia-a-dia, de construção de um projeto. Eu encontro o presidente quando ele sente que existe necessidade. Não o tenho visto com freqüência.

Estado - É verdade que políticos, governadores e integrantes do próprio PT procuram o senhor para discutir assuntos de interesse do governo?

José Dirceu
- Não diria que me procuram. Mas diria ser natural, porque nunca parei de atuar e militar politicamente. Para entender as relações que mantenho com governadores, parlamentares, senadores, deputados, prefeitos e dirigentes do PT é preciso lembrar que militei no partido de 1980 a 2008. São 28 anos, não é pouca coisa. É mais do que natural que eu continue militante. Não é porque não sou mais deputado, nem ministro e porque sou acusado injustamente de corrupto ou chefe de quadrilha, que deixo de ser militante. Não se pode apagar 40 anos de vida política. No fundo, essa questão se eu mantenho ou não mantenho relações políticas com vários políticos é um jogo dos próprios setores da direita, da mídia, para me manter interditado, para eu não fazer política.

Estado - Qual a possibilidade, na sua avaliação, de a ministra Dilma Rousseff emplacar como candidata do PT em 2010?

José Dirceu
- Grande. Ela, na verdade, a cada mês que passa, conquista a adesão de militantes e dirigentes do PT. Cada dia é mais conhecida no País. É a candidata do presidente Lula, do PT e tem grandes chances de ir para o 2ª turno. As pesquisas já estão mostrando isso. O mais provável é que nas próximas pesquisas, depois do Carnaval, a Dilma esteja já com a mesma votação do Ciro Gomes (PSB) e do Aécio Neves (PSDB). Eu acredito que uma candidata apoiada pelo PT e pelo Lula, por uma coalizão que inclua o PSB, PC do B, PTD, o PR - a legenda que indicou José Alencar para ser o vice do Lula duas vezes - e o PMDB tem grandes chances para ir ao 2º turno. Os tucanos se comportam como se o Serra (o governador de São Paulo José Serra) já estivesse eleito, mas essa história está distante da realidade. Primeiro, o Serra tem que disputar com o Aécio; segundo tem que conquistar Minas e o Rio, porque o Nordeste e o Norte ele não vai conquistar; terceiro, São Paulo e Minas, portanto o Serra, serão tão ou mais afetado do que o País pela crise em nível nacional. Minas será afetada por causa da indústria siderúrgica, de mineração e automobilística, e São Paulo pelo serviço financeiro, comércio, serviços gerais, e construção civil. Esse raciocínio de que "o Lula vai ser afetado pela crise", é um jogo da mídia, um jogo de palavras. Por que o Lula vai ser afetado e os governadores não? Não vão ser afetados porque a mídia vai protegê-los e atribuir ao Lula a responsabilidade pela crise? Com esse raciocínio é isso que estão dizendo. Porque fato por fato todos serão afetados pela crise: prefeitos, governadores e presidente da República. A arrecadação vai cair para todos, os investimentos vão ser menores para todos, o desemprego vai valer para todos - a não ser que a responsabilidade - e tudo indica, é o que quer a imprensa - seja só do Lula e não dos governadores e dos prefeitos. Eu não vejo por que nós não possamos vencer essas eleições de 2010. Na verdade, nós estamos no governo. Eles é que têm de ganhar a eleição. E o provável é que nós vençamos e não eles.

Estado - O senhor vai participar na campanha?

José Dirceu
- Não posso dizer o que farei em 2010. O que posso dizer é que vou dedicar todo o meu tempo e esforços, toda a minha inteligência, energia e experiência para ajudar o PT e o Lula a continuar governando o Brasil. Como vou fazer, com qual intensidade e em que nível, depende das circunstâncias e da conjuntura política.

Estado - O senhor acha que o Gilberto Carvalho é o melhor nome para presidir o PT?

José Dirceu
- Seria uma excelente solução. O Gilberto já militou no PT, foi secretário nacional do partido, já ocupou cargos de sua direção em vários níveis, militou no movimento popular, e nas Comunidades Eclesiais de Base. E tem essa experiência extraordinária de governo, de ter sido secretário do presidente nos últimos seis anos. Ninguém melhor, nem mais do que ele está preparado para ser presidente nacional do PT. É um nome excepcional, seria uma grande solução.

Estado - O senhor acredita que a disputa em 2010 será polarizada entre Dilma e o governador José Serra?

José Dirceu
- Não necessariamente. Hoje não se pode afirmar isso de maneira definitiva. A tendência é essa - o Serra ser candidato pelo PSDB, DEM, PP, PPS e talvez o PV; e a Dilma ser a candidata pelo menos do PT, talvez do bloco PC do B - PDT - PSB (se o Ciro não sair candidato por esse último) com apoio, talvez, do PMDB. Outra possibilidade é de o PMDB ficar neutro, ou ter uma candidatura própria. E candidaturas outras têm a do Ciro Gomes e a do Aécio Neves. A do Aécio tudo indica que não se viabilizará no PSDB. A do Ciro Gomes está com dificuldades para se viabilizar. E tem a Heloísa Helena que pode ser candidata pelo PSOL, mas é uma candidata sem idéia, e como sua candidatura mostrou na eleição de 2006, é uma candidata que tende a ir perdendo os votos, redistribuídos durante o debate e o processo eleitoral, quando o eleitor toma outras decisões.

Estado - A crítica que se faz a esses dois (Dilma e Serra) é que seriam candidatos para assumir e administrar o Estado, mas não capazes de unir a sociedade e o Estado, como o fizeram FHC e Lula. Como avalia isso?

José Dirceu
- Essa pergunta leva a uma só solução: teremos que dar um terceiro mandato ao Lula. Por ela, o Lula e o Fernando Henrique têm de ser candidatos. Não é assim. Evidentemente, o Serra tem história e lastro para ser presidente da República. Uma coisa é eu não votar nele e querer eleger a Dilma Rousseff , outra é ele e a Dilma terem ou não lastro para saírem candidatos. E isso eles têm. Os dois têm lastro para serem candidatos.

Estado - De que o senhor vive hoje? Quais são seus rendimentos?

José Dirceu
- Dos mesmos rendimentos dos quais vive a jornalista que me pergunta. Eu trabalho como ela trabalha, 8, 10, 12 horas por dia como advogado e consultor. São profissões como é a de jornalista, não há nenhuma diferença. Trabalho, às vezes, inclusive, nos fins de semana. E eu não mudei o meu padrão de vida. A minha vida continua absolutamente igual todos esses anos.

Estado - Acha que o presidente Lula mudou muito desde que chegou a Brasília e assumiu o poder?

José Dirceu
- Mudou. Muito. Primeiro, porque é presidente da República. Segundo, porque é um líder internacional, um estadista. O mundo reconhece isso. Terceiro, porque ele adquiriu experiência na Presidência da República. Ninguém passa seis anos por esse cargo em vão.

Estado - O senhor se considera um ministro sem pasta?

José Dirceu
- Não. Primeiro, eu não detenho poder nenhum. Eu tenho experiência, relações, solidariedade, companheiros, liderança ainda no PT, apoio no País. Todos sabem que se eu fosse candidato a um cargo eletivo, dificilmente eu não me elegeria. Agora, eu não tenho poder, nem sou membro do governo, nem sou mais dirigente do PT, nem mais membro do Parlamento. Eu não sou um ministro sem pasta. Sou o José Dirceu e na medida em que represento uma parte da história da esquerda brasileira, da luta contra a ditadura, da resistência armada, da luta na clandestinidade, uma parte da construção do PT, nesse sentido eu tenho uma representatividade para participar da vida política do país e ajudar o PT, o governo e a esquerda. Isso não significa que eu tenho poder.


FONTE: O Estado de São Paulo