terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Inclusão até nas brincadeiras

Brasília tem umas coisas out. Participo de certas festas que nunca imaginei ou sonhei em participar. Requintes fora da realidade de uma garota do interior, de família da classe trabalhadora brasileira.

Festas na beira do lago, regadas a whisky, champanhe e vinho.
Cerveja? Até tem. Mas as pessoas não tomam muito.
Garçom. Lancha. Espelhos. Sofás. Tapetes. Almofadas. Piscina. Sauna.
E não é motel!É casa!ou melhor Mansão.

Eis que para tirar sarro começamos a tirar fotos na mansão luxuosa.
Começamos a se revesar para tirar fotos sentadas no sofá e com o garçom servindo champanhe na taça de 800 conto.

Grita um: “Agora é a vez do garçom!”.

Pensei: “Claro! Só podia ter petistas na festa”.

Carinho não se apaga


Troquei meu celular e estava apagando as mensagens do celular antigo para doá-lo.
Li, reli, e não consegui apagar todas as mensagens. Mensagens de amigos de longe, de perto.

Revivi várias coisas. Mensagens da minha mãe dizendo que tinham acabado de cantar parabéns para meu irmão, páscoa passada distante, tsunami do pai, decisões sobre o futuro, msg de apoio, de saudades, de ciúmes. Me senti queria, muito querida por meus amigos, pela minha mãe e meus irmãos.

Estes dias estava que nem traça em livros. Limpando tralhas. Parei horas lendo cartas de anos atrás. Pensei em colocar fora, mas elas ainda estão aqui no meu quarto.

Viver de lembranças? Óbvio que não! Quem me conhece sabe que não vivo delas. Mas é tão bom reviver certas coisas.

Por enquanto estão ali! Cartas antigas, poesias recebidas, e-mail’s relidos. Mensagens de amigos que estavam no bar e que diziam “amiga, só falta tu”!

Tudo bem, tudo bem!!! Há quem possa deixar um comentário dizendo: “guria, tu já falou disso várias vezes aqui neste blog”. Mas como não contar novamente se reli umas 5 mensagens iguais hoje e não apaguei nenhuma delas.

Farei mudança mês que vem. Talvez a papelada eu deixe, talvez o celular eu dê. Mas o carinho e as lembranças são eternas.

Obrigada!

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Minha casa, nossa casa

Perdi as contas de quantas pessoas já se hospedaram na minha casa. Hoje foi embora a namorada de um amigão meu de Minas. Moro sozinha em Brasília há nove meses e umas trinta pessoas já dormiram na minha casa.

Amigos e companheiros de vários estados do Brasil. Pará, Santa Catarina, Ceará, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Goiás, Paraná, Minas...

É muito gostoso isso. Saber que os amigos podem contar e contam com a gente.
Que bom!

Quem sabe um dia terei uma casa maior, com pátio, piscina..
aí, sim, terei mais prazer em receber os amigos.

Em Santa Maria fazia muitas festas na casa da minha mãe. Lembro que desde o primeiro grau fazíamos festas de final de ano lá, não sabíamos a data, mas o local era sempre consenso. Sempre gostei de receber os amigos, e é uma coisa de família mesmo, minha mãe é assim também.
Na casa da mãe já se hospedaram pessoas inclusive de outros países como Cuba, Suíça, Argentina, entre outros. Sempre teve as portas abertas para as pessoas queridas.

Na minha casa agora só falta a churrasqueira, a piscina e um espaço maior para junções.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Univesidade Solidária, Projeto Rondon


Estava olhando as fotos de um amigo que está no Projeto Rondon - Universidade Solidária no interior de Goiás (a foto deste post é dele inclusive).

Só de olhar as fotos já dá saudades daquela experiência que vivi em 2003. Todo universitário deveria ficar isolado em uma comunidade carente do interior do Brasil para saber o que é sociedade, o que é necessidade, precariedade, analfabetismo, carência, pobreza.
Os acadêmicos saem da Universidade sem saber o que é o Brasil. E, muitas vezes, sem ter a clareza do comprometimento e do dever que temos com a sociedade.

Aprendi muito. Ficamos um mês no interior de Pernambuco, sertão nordestino, trabalhando com multiplicadores - agentes de saúde, enfermeiros, agentes jovens, grupo de idosos, comunidade indígena, etc. Troca de experiências riquíssima, aprendizado acadêmico-prático e de vida extraordinários.

Éramos em 11 pessoas na equipe em uma casa com dois quartos e um banheiro apenas. Sem água. Tomávamos banho com duas garrafas Pets. Eu, com cabelo comprido, conseguia tomar banho e lavar os cabelões com 4 litros d´água. Para ir ao banheiro levávamos um balde para jogar no vaso sanitário após utilizá-lo.

Loucura!!!Alguns diziam: "Nunca mais!" (e agora morrem de saudades também). Outros, já diziam desde o início: "melhor experiência de vida que tive".

Eu tirei muitas lições. Com certeza hoje sou muito mais humana, mais solidária, mais socialista.

Apenas por isso? Não! Mas foi o primeiro choque de "realidade" que tive.

Tão perto e tão longe. Tão longe e tão perto.


Moro num prédio que possui 20 apartamentos. Chegando em casa ontem, ao abrir a porta do prédio, veio uma senhora me perguntar se eu conhecia a Conceição. "Não, não a conheço", respondi à Senhora.

Subindo as escadas me dei conta que não sabia o nome de nenhum dos meus vizinhos. Pior, estou morando há quase um ano no mesmo prédio e nunca troquei uma frase com nenhum deles (óbvio que quando os encontro no corredor eu cumprimento, mas isto não conta).

É engraçado como posso fazer uma festa numa noite e na manhã seguinte contar para meus amigos que estão a 3 mil Km de distância e não conversar com meus vizinhos que ficam a metros de onde durmo toda a noite.

Lembro que em um dos bailes de formatura da UFSM, um rapaz me tirou para dançar e falou: "Bah! tu nem cumprimenta as pessoas!" e eu: "por que deveria cumprimentar se não te conheço?" . Prontamente ele retrucou: "Mas deveria conhecer, sou teu vizinho, moro no apartamento em frente ao teu".

Isto foi há três anos, no coração do Rio Grande. Mas "acho" que continuo não prestando muito atenção na presença dos vizinhos....

Será que sou eu???Fiquei pasma com minha frieza, individualismo ou qualquer coisa que isto possa ser classificado.

Mas, a correria do dia-a-dia é tamanha que quando chego em casa quero mais é ficar trancada em casa sozinha mesmo.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Absurdo! O mundo maldito que vivemos*


Vou fazer um slideshow para você. Está preparado?
É comum, você já viu essas imagens antes.
Quem sabe até já se acostumou com elas.

Começa com aquelas crianças famintas da África.
Aquelas com os ossos visíveis por baixo da pele.
Aquelas com moscas nos olhos.
Os slides se sucedem.
Êxodos de populações inteiras.
Gente faminta.

Gente pobre.
Gente sem futuro.
Durante décadas, vimos essas imagens.

No Discovery Channel, na National Geographic, nos concursos de foto.
Algumas viraram até objetos de arte, em livros de fotógrafos renomados.
São imagens de miséria que comovem.
São imagens que criam plataformas de governo.
Criam ONGs.
Criam entidades.
Criam movimentos sociais.

A miséria pelo mundo, seja em Uganda ou no Ceará, na Índia ou em Bogotá sensibiliza.
Ano após ano, discutiu-se o que fazer.
Anos de pressão para sensibilizar uma infinidade de líderes que se sucederam nas nações mais poderosas do planeta.
Dizem que 40 bilhões de dólares seriam necessários para resolver o problema da fome no mundo.
Resolver, capicce?
Extinguir.

Não haveria mais nenhum menininho terrivelmente magro e sem futuro, em nenhum canto do planeta.
Não sei como calcularam este número.
Mas digamos que esteja subestimado.
Digamos que seja o dobro. Ou o triplo.
Com 120 bilhões o mundo seria um lugar mais justo.

Não houve passeata, discurso político ou filosófico ou foto que sensibilizasse.
Não houve documentário, ong, lobby ou pressão que resolvesse.
Mas em uma semana, os mesmos líderes, as mesmas potências, tiraram da cartola 2.2 trilhões de dólares (700 bi nos EUA, 1.5 tri na Europa) para salvar da fome quem já estava de barriga cheia...

Como uma pessoa comentou, é uma pena que esse texto só esteja em blogs e não na mídia de massa, essa mesma que sabe muito bem dar tapa e afagar.

Se quiser, repasse este texto, se não, o que importa? O nosso almoço já tá garantido mesmo .


Neto, diretor de criação e sócio da Bullet, sobre a crise mundial.