sexta-feira, 2 de maio de 2008

Moradores de Rua


Uma pesquisa realizada pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) revela que os moradores de rua não é composta por "mendigos" e "pedintes". De acordo com a pesquisa, apenas 16% dessas pessoas pedem dinheiro para sobreviver. 59% afirmaram ter profissão, principalmente relacionada à construção civil, ao comércio, ao trabalhado doméstico e ao serviço de mecânica. Dos entrevistados, 48% disseram que nunca tiveram a carteira de trabalho assinada.

Quanto aos vínculos familiares, o estudo também traz uma surpreendente informação: 52% dos entrevistados declararam que têm algum parente na cidade onde vivem. Destes, 34% mantêm contatos freqüentes com a família e 39% classificam como boa essa relação. Foi detectado também que 46% sempre viveram no município em que moram atualmente.

O levantamento identificou uma predominância masculina (82%) entre as pessoas que vivem na rua. A maior parte, 53%, entre 25 e 44 anos, sendo que 30% se declararam negros, índice bem acima da média nacional, que é de 6,2%. Já o percentual dos que se consideram brancos é de 29,5% (54% entre o conjunto dos brasileiros).
Em relação à freqüência à escola, o levantamento mostra que 95% não estudam atualmente. Do universo pesquisado, 74% sabem ler e escrever, mas 63,5% não concluíram o ensino fundamental. A renda, na maioria dos casos, varia de R$ 20 a R$ 80 semanais.

Os problemas causados pelo alcoolismo e as drogas são apontados por 35,5% dos entrevistados como o principal motivo para passar a viver na rua. O desemprego, com 30% das citações, e os conflitos familiares, com 29%, compõem o quadro de razões que os levam a viver nas ruas.

Segundo o MDS essa é a primeira iniciativa nacional de identificação dos problemas e das dificuldades da população que vive em situação de rua e que, com base nos resultados da pesquisa, pretem aprimorar a proposta de política nacional voltada para esse público, articulando ações juntamente com outros ministérios.

Fonte: Assessoria de Comunicação

quinta-feira, 1 de maio de 2008

"Palavras e transformação social"

*Sócrates Magno Torres

Camaçari – Bahia – Brasil

"As palavras sempre serão um grande meio de demonstrar as idéias, opiniões e sentimentos que temos sobre os diversos aspectos da vida. Podemos divertir, sensibilizar, argumentar, convencer, persuadir... Apenas com o uso das palavras.

A grande diferença da sedução, tal qual a propedêutica, está justamente no argumento do brilho nos olhos, no arrepio da pele. Conseguir transmitir, através de meios não verbais, a nossa paixão pelas idéias e ideais que defendemos com o uso eloqüente, ou não, da palavra é o grande desafio dos transformadores sociais.

Na caminhada vital, nos deparamos com pessoas, leituras, imagens e situações que acabam por forjar o nosso olhar para as coisas do mundo. Muitas vezes, temos o privilégio - ou magnetismo - de encontrar seres iluminados e participar de momentos históricos que fazem com que a compreensão da complexidade da vida seja bem menos dolorosa.

Quando estamos seduzidos, nossos olhos adquirem o poder de enxergar um espectro de cores muito mais vasto. Os sons, as escalas, se tornam bem mais harmônicos ou o oposto verdadeiro. A mente se converte em um ventre fértil para a procriação de novos e determinantes pensamentos.

No caso dos homens públicos, o grande perigo nestas ocasiões é justamente ser conduzido para uma clausura mental e exílio moral, depois ter a mente “lavada” por argumentos dogmáticos ou pela domesticidade e pragmatismo que caracterizam as relações de poder.

A diferença destes argumentos, muitas vezes convincentes, é a falta do fator contraditório, dialético. A ausência de uma discussão aprofundada, calcada em princípios deontonicos e de interesse coletivo, fazem com que a palavra se converta em uma retórica barata e vazia, que não se sustenta ao longo do tempo. O que seria libertário tornasse opressor e antidemocrático.

Estas diferenças são fragrantes quando procuramos diferenciar os conceitos de “multiplicadores” e “formadores de opinião”. Quando os primeiros agentes são os grandes defensores destas tais teses, o conjunto da sociedade permanece longe das decisões. O conceito de poder pelo poder emerge, eclipsando o brilho do que poderia ser uma vitória do povo, lançando um holofote individual para os que alimentam a sanha das vaidades.

Por outro lado, se buscarmos defender idéias em um ambiente aberto ás discussões, agregando cabeças pensantes e éticas, consegue-se chegar a um novo pensamento compartilhado e de maior interesse social. As idéias deixam de ter “dono”, os projetos saem do campo individual e passam a representar a síntese dos anseios da população. Desta maneira, conseguimos construir um diagnóstico mais preciso dos pensamentos e demandas da sociedade, que se encontram difusos subliminarmente no inconsciente coletivo.

O poder da palavra é inexorável. O grande desafio é construir um juízo de valor que nos proteja dos sofistas de plantão e dos que oportunistas que utilizam a boa fé das pessoas para construírem seus castelos de areia. O cidadão de bem necessita participar ativamente das transformações que lhe dizem respeito diretamente. Apenas assim, avançaremos para uma sociedade mais justa e igualitária."