terça-feira, 24 de novembro de 2009

A preguiça que passa e o desabafo que vem


Tem coisas que me irritam profundamente.

Uma é as pessoas não viverem as suas vidas e ficarem perdendo tempo e gastando energias cuidando, falando, criticando e procurando defeitos e coisas erradas na vida da gente.

Outra é a concepção completamente errada em relação à gênero. Na primeira, a raiva vem e passa, porque apresenta as pessoas que não são nossas amigas, mas a segunda não sei se dá raiva, medo ou preguiça. Raiva por esta concepção errada se manifestar, medo por ainda vivermos em uma sociedade machista, em guerra de gênero, perdida e solitária, e preguiça porque às vezes me dá preguiça de tentar mudar algumas coisas que estão tão enraizadas na sociedade e me dá vontade de apenas viver a minha vida e parar com esta história de querer mudar o mundo.

Meu namorado passou no Doutorado na UERJ. Estamos indo morar no Rio de Janeiro.

A coisa mais intrigante são os comentários das pessoas após saberem da novidade.
"mas agora ele vai mudar pra lá?" beleza! esta é uma declaração de quem me conhece e que sabe que não iria mudar minha rota assim por causa de "homem".

"e como vocês vão fazer?" jóia!alguém que conhece a nossa relação e torce de alguma maneira por nós.

"eh mais uma das 9 entre 10 das mulheres que seguem seus maridos" alguém que não conhece a palavra companherismo ou acha que vou para o Rio e ser diferente do que eu sou hoje.

"então tu tem que mudar de discurso, primeiro diz que vai morar no Rio, depois que ele passou no doutorado". Alguém que talvez mude sua estória, ou a sequência dos fatos, para as pessoas verem sua estória como quer que vejam e que tem mais preguiça do que eu para explicá-la.

Bom, eu não nasci em Brasília e mesmo que tivesse nascido eu não quero morrer aqui. Considero Brasília uma cidade maravilhosa para viver e trabalhar, mas acho que nasci sem raízes mesmo. Ou talvez tenha que me acostumar com a frase que um amigo meu me disse uma vez: "tu parece uma mochileira". Na verdade eu sou apenas uma cidadã do mundo.

Moro onde tem trabalho, onde eu seja feliz e onde me sinto em casa, até porque minha família e amigos verdadeiros eu carrego pra onde eu for, é pra isto que existe internet, telefone e avião. Então o vento pode ir levando a gente, desde que sejamos felizes.

Brasília é uma cidade que viveria alguns anos sim, adoro, me sinto em casa, trabalho com o que gosto, tenho amigos pra festa, amigos pra dividir coisas boas e também para aquelas coisas não tão boas. Mas o Rio de Janeiro me encanta e é tudo de bom também, além de eu trocar qualquer cidade para ter o companheiro que tenho hoje do lado.

Sempre tive medo de ficar sozinha, sim, nunca escondi isso. Meus amigos sabem disso, mas sempre fui guerreira. E ser "guerreira" afasta e assusta muita gente.

Hoje eu encontrei um companheiro que realmente é companheiro, que gosta da minha história e que aposta no meu e no nosso futuro.

E que também acredita que ser protagonista da sua própria história pode muito bem ter um companheiro ao lado, trilhando e lutando junto. Às vezes parece que ou se é independente e se impõe na condição de mulher ou se é submissa, que não se pode ser mulher, guerreira e companheira ao mesmo tempo.

Há de existir um equilíbrio. E acho que neste equilíbrio está uma relação saudável de gênero, em que os dois crescem, os dois se apoiam, os dois são felizes.

Achei? Não!!também procuro este equilíbrio e talvez seja uma eterna procura.

4 comentários:

Thais Miréa disse...

Estranho se identificar tanto com a palavras de alguém, com quem se pseudo-conviveu por tantos anos. Sabe-se lá qual a ironia que takvez tenha nos pseudo-afastado-aproximado neste tempo, mas sei profundamente o significado do além de teu desabafo. Ser sem raízes, cidadã do mundo sempre é dificil expressar, ainda mais que as pessoas talvez mais "normais" ainda insistam em perguntar da onde tu és?! Boa sorte na tua nova casa.. sim casa pois todas são... o lar está na gente... grande abraço querida e sucesso nas novas descobertas

Anônimo disse...

Amiga, torço muito pela tua felicidade! siga em frente, afinal tem muito mais gente que te admira do que tu imagina. Confio em ti.

Anônimo disse...

Je, fazia tempo que não entrava no teu blog, e quando conversamos, pelo msn, é sempre por causa do trabalho. Não vejo nada de errado ou anormal na tua decisão, pelo contrário, vejo coragem em mudar, encarar novos desafios. Em abril deste ano, passei por situação parecida, quando decidi sair do meu emprego e voltar para Santa Maria,porque meu marido foi transferido para cá. Também ouvi várias opiniões sobre minha decisão, como, por exemplo, "vai virar dona de casa", e por aí vai (rsrs). Mas não me arrependo, sei que também ansiava por voltar para a minha cidade e estou, para decepção de alguns, muito feliz aqui e também trabalhando no que gosto.
Beijos para vocês e sorte! Sentirei falta de passar textos para ti revisar (rsrs)

Fabi Machado

daiani disse...

Ai,sei lá o que eu disse... mas com certeza foi algo como sensacional, ou coisa parecida... eheheheh

bjoooo