terça-feira, 30 de setembro de 2008

O Analfabeto Político

Posto aqui um texto muito conhecido de Bertolt Brecht, texto oportuno para contribuir nas reflexões a 5 dias das eleições municipais.
Ontem conversava com o meu irmão e dizia a ele que deveria ser considerado crime o incentivo ao voto branco. Foi tão difícil termos o direito ao voto garantido. Nós mulheres e negros foi mais suada ainda a conquista. Temos é que fazer campanha para o nosso candidato. Para o candidato que acreditamos que seja honesto, que irá realmente nos representar, que irá lutar pelos nossos direitos e anseios.
Quando dizem: "vou votar no menos pior". Aí está uma razão para incentivar novas candidaturas, novos nomes. Tem tanta gente boa na escola, na administração pública, na vizinhança, colegas de trabalho, enfim.... são estas pessoas que precisam se candidatar.
Há de depararmos com pessoas honestas e que honrem o nosso voto e a nossa representação.


"O pior analfabeto é o analfabeto político.
Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos.
Ele não sabe o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas.
O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política.
Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política, nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais."

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Com Lula, tudo bem. Com o PT, também. Não é hora de aventuras.*


A nova frase da campanha de Alckmin, em São Paulo, afirmando que' com Lula tudo bem, o problema é o PT', guarda inequívoca similitude com alguns intelectuais que asseguram que há necessidade de se reconstruir a esquerda, por conta de uma suposta cooptação de movimentos sociais e da militância por parte do governo petista. Há um tipo de análise da consolidação do sistema político-partidário brasileiro que, por operar no campo estéril da lógica binária, impossibilita a compreensão da dinâmica dos partidos, seus movimentos contraditórios, suas crises e recuperações. É um tipo de raciocínio que, esbarrando em oposições excludentes, não consegue avançar para além dos sofismas, tanto à direita quanto á esquerda.

O protagonismo do Partido dos Trabalhadores incomoda tanto o campo conservador que, há anos, sentencia o fim do seu capital político, quanto certos setores de uma esquerda que mescla, em doses desiguais, oportunismo e ingenuidade.

A nova frase da campanha de Alckmin, em São Paulo, afirmando que' com Lula tudo bem, o problema é o PT', guarda inequívoca similitude com alguns intelectuais que asseguram que há necessidade de se reconstruir a esquerda, por conta de uma suposta cooptação de movimentos sociais e da militância por parte do governo petista. Judicativos, asseveram que é necessário que alguém precise continuar dizendo que a combinação de um modelo excludente com políticas compensatórias não pode ser o projeto de uma esquerda séria. O problema aqui não padece apenas de incapacidade de análise de conjuntura, mas de uma inacreditável perda de memória do passado recente.

É bom recordar que o Partido dos Trabalhadores surgiu rompendo duas tradições: não nasceu dentro do Estado ou por iniciativa dele. Pelo contrário, sua criação se dá contra o aparato estatal e possibilita uma inédita articulação entre a política e a questão social. Foi a primeira experiência bem-sucedida de uma organização que, ao contrário de conhecidos arranjos, não nasceu de cima para baixo, mas da auto-organização da classe trabalhadora, impulsionada pela esquerda católica e por uma parcela expressiva dos que participaram da luta armada contra a ditadura militar.

Mudanças de curso, necessárias para se adequar ao capitalismo pós-industrial, não configuram perda de identidade ou efetividade política. Quem não consegue compreender a diferença entre o atual governo e o anterior no que diz respeito às prioridades na utilização do poder político e fiscal do Estado, deve atribuir a popularidade do presidente a um fenômeno que mistura a dimensão do carisma com uma perda generalizada de consciência política. E isso nada mais é que indigência analítica movida por má-fé.

Imaginar que o PSOL, nascido de uma dissidência parlamentar, pudesse se constituir em um real espaço de construção dos muitos embates que a classe trabalhadora tem pela frente, só revela o perigo que o desejo, quando confundido com a realidade, pode trazer. É a demonstração cabal de como um sonho - de gente, diga-se, muitas vezes bem intencionada – pode se transformar no seu oposto. Em um udenismo que não ousa dizer o nome. 'Uma falsificação' que se apresenta como 'trincheira',' lugar de resistência.'

E o que dizer do tucanato? Outra dissidência parlamentar que, sem base sindical ou uma história de luta de seus quadros mais orgânicos, se apresentou nos anos 1980, como a 'social-democracia brasileira'. Chegando ao poder, sucateou o patrimônio público, apostou em um ambiente institucional em que o Estado garantiria a 'expectativa racional' dos possuidores de riqueza.

Vamos, de uma vez por todas, demarcar o que é o campo democrático-popular. Dele fazem parte o PT, o PC do B, PDT e PSB. O restante, em um sistema partidário cada vez mais estabilizado, está no pólo oposto, como linha auxiliar do neoliberalismo do PSDB. Com Lula, tudo bem. Com o PT, também. Não é hora de aventuras.

* Gilson Caroni Filho é professor de Sociologia das Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha), no Rio de Janeiro, colunista da Carta Maior e colaborador do Observatório da Imprensa.

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

A gente também faz cinema


Esta semana fui duas vezes ao cinema. Quando comecei a ver "Os Desafinados", de Walter Lima Júnior, pensei: "vou escrever algo sobre as maravilhas que estamos produzindo". Apesar do filme não fazer jus a muitos elogios e muito menos o "Linha de Passe", de Walter Salles, fico feliz por estarmos muito mais preparados para disputar "Oscars" e, mais ainda, por estarmos produzindo cultura com qualidade.

Lembro que em 2003 fazíamos, nós do Movimento Estudantil da UFSM, uma manifestação no Santa Maria Shopping porque o filme "O homem que copiava", de Jorge Furtado, ficou apenas dois dias em cartaz. Conversamos com a gerente das salas de cinema e ela argumentou: "Ninguém vem assistir filme brasileiro, o povo gosta de coisas de Hollywood".

Realmente o público não tinha prestigiado o filme brasileiro. Porém, as sessões não lotavam também com o "Homem-Aranha" e nem com as outras bobagens que passava na época naquelas salas. Tanto é verdade que as salas de cinema de Santa Maria chegaram a fechar as portas por vários meses no ano passado.

Hoje o cinema brasileiro é mais produzido, o áudio e as imagens são melhores e o roteiro é mais elaborado. Também, hoje se tem mais incentivo à produção cultural do que há oito anos atrás e isso é mais que verdade.

Em 2003 também foi o ano que "Cidade de Deus", de Fernando Meirelles, chegou ao quase Oscar. Cheguei a participar de um debate acalorado na Universidade de Udine (Itália) sobre filmes estrangeiros e um dos mais polêmicos era o nosso brasileirinho.

O que mais gosto é que os filmes fogem um pouco dos romances e das elites mostradas nas nossas novelas e retratam um pouco mais da realidade brasileira. Mas estas sim são famosas e admiradas em várias partes do mundo. Em Cuba já passou "A próxima vítima" , "Quatro por quatro" e outras tantas e são mais bem quistas que as mexicanas (que são muito aquém das nossas) que passam no Brasil.

Hoje a gente já consegue escutar: "vamos ao cinema, está passando um filme brasileiro legal". Antes quando a gente convidava para assistir um filme brasileiro era perigo perder a cia para o filme.