segunda-feira, 13 de abril de 2009

Ricardo Ceratti


Estou triste. Muito triste.
Perdi um dos meus melhores amigos.

Conheci quando fazíamos cursinho pré-vestibular no Fóton. Na época matávamos cursinho juntos para tomar chimarrão na praça do shopping.
Desde lá saímos juntos para festas do cursinho, festas da faculdade, boate do DCE, Cinderelas, concentras antes de festas, barzinhos e muitos pontos de cinema.

Foram 10 anos de amizade.

Não é porque faleceu que virou santo. Mas não lembro de nenhum episódio ruim com ele. Parceria mesmo. Amigo mesmo.
Passei várias festas comemorando o Natal e bailes de reveillon com ele.
Depois que vim morar em Brasília não teve uma vez que fui a Santa Maria que não nos encontramos para tomar uma cerveja e colocar em dia os acontecimentos de nossas vidas.

Eu o chamava de vassourinha. Pois, pegava todas as colegas e amigas.
Lembro uma vez nós no Shopping, estávamos entre 7 meninas e o Ricardo, ele levanta da mesa para ir ao banheiro e começamos a nos olhar. Rimos, pois ele já tinha ficado com todas nós. Ele tinha um dom: Ficava, namorava com as garotas e depois continuava amigo. Amigo de ser parceiro de sair para beber e “caçar”juntos.

Uma vez ele no quartel, o comandante pergunta pra ele o que era a marca vermelha no pescoço dele. E ele fala bem forte e alto: “sucção labial, senhor!”. Os colegas não se agüentaram e riram muito.
Nas festas ele bebia tanto que chegava uma hora que ele não conseguia mais focar a gente nos olhos.
Era uma pessoa divertidíssima.

Minha mãe falou que talvez tenha chego a hora dele. Que ele já deve ter cumprido a sua missão aqui conosco. Mas eu não acredito nisto. Não acredito mesmo.
Ainda estou em choque. Depois do meu avô não tinha perdido ninguém próximo.
O Ricardo era meu irmão, meu parceiro, meu amigo.
Chorei, chorei muito este final de semana. Mas saí. Saí e bebi muito por ti. É assim que lembro de ti. Festiando, brincando, rindo, bebendo, fumando.

Como pode um cara gente boa como tu, ter tido uma morte tão estúpida. Como pode meu amigo, ter ido embora sem nem mesmo me ver casar, pegar meu filho no colo?? Como pode ter ido sem nem mesmo se despedir?

6 comentários:

Ana Bittencourt disse...

Oi Jeanne. Não nos conhecemos. Mas infelizmente (ou felizmente) essa tragédia me trouxe até aqui. Estive buscando no google o nome dele e apareceram vários blogs, todos desabafos de cortar o coração, lamentando a ausência e a saudade desse guri. Me permito dizer que sou mais uma das "viúvas do Ceratti". Mas com ougulho. O "vassourinha" (adorei essa) soube apaixonar cada uma de nós, tanto que nos tornamos amigos do coração. Adorei o que tu escreveu sobre ele.
Eu tbm não pude me despedir. Se a gente pudesse imaginar né? Mas fui lá, dar meu último adeus. E foi de cortar o coração. Isso que a tua mãe falou, é exatamente a mesma coisa que a minha disse. Talvez seja a sabedoria das mães. Mas eu não aceito, me revolto. Não consigo entender que alguém com 26 anos tenha "terminado seu tempo aqui". Mas pensando por outro lado, ele viveu tão intensamente, que talvez todas as festas, alegrias, bailes, churrascos, tudo, talvez tudo isso tenha ultrapassado 100 anos... fica a saudade né?
Sou solidária viu? Bjs

Bianca Backes disse...

Concordo contigo em gênero, número e grau, Jê.
A gente sente como se o guri tivesse sido arrancado do mundo.
Vamos precisar de um tempinho pra relativizar isso.
Ah, essa do quartel eu não sabia!! hahahahaha
É bem a cara dele, mesmo!

daiani disse...

bichinho, muito triste, mesmo.

Anônimo disse...

Jezinha (lembra, eu sou Jesinha com s, e tu é Jezinha com z; eu Jeane com 1 N, tu Jeanne com 2 Ns).

Enfim, a gente nunca imaginou que um dia estaríamos escrevendo sobre isso né, sobre essa perda. Mas... ao invés de falarmos em perda, podemos falar em ganhos. Tanta coisa que a gente ganhou conhecendo essa pessoa... Hoje acordei com saudade, pensando no que faríamos hoje, se íamos no cinema, tomar chopp de tarde, se pegaríamos o carro pra viajar pra algum lugar, onde passear... mas aí... ao invés de chorar por não podermos mais fazer isso, agradeço pelos momentos vividos. De 2000 pra cá, passamos por várias fases, primeiro a fase de amizade incondicional, com direito a visita todos os dias e almoço aos domingos. Depois, o pedido oficial de "quer namorar comigo" antes mesmo do primeiro beijo, segurando a mão e eu, dando gargalhada, dizendo que sim. Depois... a revelação de que precisava ser uma pessoa livre, e a amizade continuou forte, mas com sentimento escondido. Vieram então a ajuda pra eu estudar pro vestibular, pra eu decidir qual profissão seguir, conferir gabarito das provas, comprar roupa pra ele, acompanhar a entrada no quartel e a certeza de que a amizade muitas vezes vale mais do que qualquer coisa.

Mais de um ano depois, chega o baile do quartel, em dezembro de 2001, e uma florzinha entregue por uma amiga dele da época do colégio (Tita) criou um reencontro. Sim, aquele menino festeiro e vassourinha sabia também ser romântico e carinhoso, fofo. Mas como eu sabia da vida livre dele, não segui adiante, não considerei a volta e comecei a namorar outro menino, afinal, eu tinha que pensar em mim também.

Durante a faculdade, não tínhamos mais a convivência e cumplicidade de antes, pois era necessário cada um seguir o seu caminho e, copiando uma frase que li no meu diário daquela época, ele disse “não consigo ser só teu amigo, mas não posso ser mais do que isso” e eu também não conseguiria. Éramos então meros colegas de festas e de sala-de-aula, sem um saber muito sobre o outro e sem a convivência de antes. Então anos se passaram após a formatura da faculdade e veio um reencontro, em 2007. Um reencontro que durou alguns meses até um afastamento no carnaval de 2008. Motivos? A festa de Carnaval e suas consequencias.

Agora, em 2009, depois de um ano sem nos falarmos, uma visita repentina no final de janeiro e o convite pra passarmos as férias dele na Guarda, mas ele acabou vindo pra cá, visitar o irmão também, numa cidade próxima a minha. Um reencontro pra lá de especial, falando tudo o que ainda não havia sido dito, fazendo planos de passeios e viagens e ele querendo ler meus diários pra saber se tinha feito parte da minha história, onde que o seu nome aparecia. Passaríamos a Páscoa juntos na praia e, uma semana antes, ele decidiu que queria ir pro Uruguai visitar o pai e que me visitaria então no final de semana seguinte e viajaríamos pra Carazinho, pois eu tinha que trabalhar lá.

Eu sou daquelas pessoas que acham que não teríamos evitado nada indo pra praia pra que ele não fosse pro Uruguai. Estávamos planejando essa viagem, mas alguma força maior já sabia que isso não aconteceria, que o destino era ele ir pra lá. Tudo estava muito marcado nos últimos tempos, ele reencontrou amigos que não via há 10 anos, fez festa de reencontro da turma da faculdade, festa de reencontro da turma do colégio, conheceu a irmã.

Assim, como não pensar que a vida é mágica? Hoje, depois do acontecido, não vejo que essa visita repentina de férias e esses planos fossem um recomeço, porque Deus não faria isso com a gente justo agora. Vejo esse momento como uma despedida e uma demonstração de carinho e afeto, fazendo agora eu entender, juntando todas as peças, porque esse menino, ainda aos 17 anos dizia: “gosto de ti, mas tu não pode te prender a mim”, ou “namorar vai contra o que eu penso da minha vida” ou, ainda, a cantar pra mim “que seja linda como um dia foi a nossa”. Se é assim, a mim cabe aceitar o que aconteceu, que a trajetória dele era essa e agradecer muuuuito, por todos os momentos de amizade, carinho, amor, desejo e afeto, além claro, das inúmeras festas, danças e gargalhadas que todo mundo associa a ele.

Assim como eu tenho essa história pra guardar e tu tem momentos super especiais e inesquecíveis também, cada um que dividiu pelo menos um dia com ele, tem certamente muitas coisas boas pra lembrar. Então, vamos usar essa nossa felicidade de ter vivido isso, ao invés de pensar na tristeza. É dessa força que ele precisa e que nós, como pessoas que o amam, temos a honra de fazer: agradecer pelo o que passou e ter a certeza de que a história dele valeu/vale a pena.

Quem escreve disse...

eu só fico pensando o porquê..como pode ter acontecido isso.
Mas vejo o quanto ele era especial. era muuuito amigo de muuuuita gente.
coisa boa. que bom termos só lembranças boas e engraçadas pra lembrar deste anjo.
Sempre foi um anjo. E sempre foi livre.

Anônimo disse...

O APTO. 891, 102 DA BARAO DO TRIUNFO NAO PERDEU APENAS UM AMIGO MAS SIM UM IRMÃO. LEMBRO BEM DAS RODADAS DE TRUCO, DOS TRAGOS E DAS RISADAS E CHURRAS QUE ERA NOSSO ASSADOR OFICIAL SEMPRE PILCHADO. POIS BEM, ESTA VIDA APRESENTA SITUAÇÕES INEXPLICAVEIS, POIS, O MEU AMIGO CERATTI ALGUNS DIAS ANTES DE SUA PARTIDA PARA UM PLANO MAIS ELEVADO ME CONSOLOU NO ENTERRO DO MEU PAIE COMO FALEI ALGUNS DIAS DEPOIS SE FOI, MAS TENHO CERTEZA QUE OS DOIS QUE INUMERAS VEZES JOGARAM TRUCO LA NOS FUNDOS DO DO PRÉDIO, FORMARAM UMA DULPA LA PELOS PAGOS QUE SE ENCONTRAME GARANTO QUE NÃO PERDEM PRA NINGUEM POR LÁ. ABRAÇÃO MEU QUERIDO AMIGO CERATTI E MEU QUERIDO PAI MARCO.

LUIZ GUILHERME SUDBRACK DESESSARDS