quinta-feira, 21 de junho de 2007

Reação I

Estava indo trabalhar quando cruzei meu olhar com o de um homem que estava completamente embriagado e jogado numa calçada perto de um dos túneis que passam por baixo dos viadutos (um dos lugares insalubres de Brasília) e a sensação não poderia ser outra se não a de impotência.

Em Santa Maria, perto das bancas dos camelôs há sempre um rapaz, que não passa dos seus 30 anos, "zumbizando" pela Av. Rio Branco ou calçadão. Ele está sempre bêbado e a cada vez que o via eu queria que meu dia findasse para que eu pudesse ir dormir e tentar esquecer as recordações que o menino me trazia.

Ontem, quando vi este homem, a sensação foi muito parecida. Quando a gente trabalha com políticas públicas percebe que o governo apesar de fazer, minimamente talvez, a sua parte, não atinge a totalidade dos excluídos. E nem mesmo os familiares destes alcoólicos, ao nosso ver anônimos, conseguem ajudá-los como eles precisam.

Pois, nem sempre estes mendigos não possuem casa, família ou amigos. Pasmem, mas eu sei que alguns deles estão ali por opção!obviamente que, quase na sua totalidade, são seres que são completamente excluídos da sociedade.

Porém hoje quero falar de um ser específico. Sem citar nomes ou relações, digo que convivi por muitos anos com um ser que era, e ainda é, muito amado por sua família, possuía amigos e tinha uma capacidade e potencial muito grandes que não eram explorados, nem mesmo por ele.

Este ser, devido à bebida e a não aceitação do vício enquanto doença, acabou com seu casamento, não presenciou o crescimento e desenvolvimento de seus filhos, magoou e decepcionou toda a sua família e seu ciclo de amigos.

Sair com os amigos para tomar um chopp com certeza faz bem, é relaxante e ainda traz a integração entre os amigos e colegas, mas a ingestão de bebidas alcoólicas não pode ser descontrolada e nem destruidora desta vida dita saudável. A extrapolação do limite entre o saudável e o vício é onde está o perigo.

Hoje fiquei sabendo que este ser tão amado por mim se descobriu como frágil e doente e está fazendo tratamento e se recuperando. Depois de 13 anos, depois de todos acreditarem que a única saída era apenas rezar e enviar energias positivas, pois nada mais adiantava, ele levanta e reage.

quem sabe em breve poderemos ver um abraço entre pai e filhos novamente.

Que bom.

estou feliz, muito feliz!!

Um comentário:

Anônimo disse...

Olha menina você tem alma nas palavras e o seu breve "depoimento" é um bom motivo pra refletirmos sobre as pessoas que sofrem dessa doença terrível, como seres próximos, sem importar-se com graus de parentesco, mas como seres irmaõs, humanos. O bêbado de Santa Maria vai se recuperar sim e sua famíla terá orgulho dele como já têm dos seus demais parentes... Climério Lima - Jatobá - PE