sábado, 28 de julho de 2007

Privilégio é ter amigos


Talvez, se este blog tivesse cinco leitores, haveria um que pensaria que este post fala sobre automotivação, outro sobre autovalorização, outro sobre otimismo, outro que pensaria que é apenas um desabafo, ou ainda que é um post sobre a realidade brasileira vista através do momento que estou passando.
Pois bem, pensem o que pensem...mas na realidade a motivação real foi uma reflexão feita desde quinta-feira passada.
Sou sim uma privilegiada!pensei, pensei e pensei....fiquei muito chateada quando recebi a notícia de que não tinha passado no processo seletivo para uma vaga na assessoria de assuntos internacionais da secretaria geral da presidência da república. Fiquei sim muito aborrecida, pois a expectativa de realizar um sonho é sempre grande. E cheguei perto de realizá-lo. Mas o que me conforta são as reflexões que fiz a partir deste "não".

Certa vez uma amiga minha "flertando"um rapaz, muito bonito por sinal, recebeu um "carão". No final da festa ela disse: "ao menos levei um não de um gato!". Hoje digo: "ao menos o não foi da Presidência da República." Claro, óbvio que sei que virão outros "não" na minha vida, como diz um amigo meu: "Eis a vida adulta!"
Mas quando a gente recebe um não a sensação de incompetência, de ter pouco valor acaba sendo significante, por mais fugaz que seja este momento, ele se faz presente.

Ontem conversamos sobre isso durante uma festa, típica festa de Brasília (numa casa localizada na Quadra do Lago, onde tem mansões maravilhosas, com vista para o Lago Paranoá e com piscina e árvores a sua volta), festa que não era acostumada a frequentar, pois retrata a alta sociedade brasileira, fatia a qual não pertenço.
Nesta conversa percebi que faço sim parte de uma fatia privilegiada da sociedade, classe trabalhadora, graças a Deus, mas uma classe privilegiada. Divagando e divagando com minhas amigas, durante a festa, vieram alguns dados como: apenas 1,7% da população brasileira tem ensino superior completo.

Hoje, por exemplo, matei um pouco da saudade de casa através do webcan. Conversei com minha vó e meus primos através do Skype. Quantos brasileiros será que tem acesso a internet? Segundo o Comitê Gestor da Internet no Brasil, cerca de 54% da população brasileira nunca usou um computador e 67% nunca navegou na internet (o google responde tudo!).

Mas a gente consegue ficar deprê quando não vê apenas o lado bom das coisas. Eu vejo muito as coisas sobre a ótica do otimismo, mas cá entre nós, tem horas que até é gostoso se sentir o último das criaturas. Aí percebemos o quanto é bom ter amigos, e cada um tem o seu jeito de nos motivar: "anime-se!tem coisa melhor pela frente", "lava o rosto que vamos sair pra jantar", ou ainda: "pra mim só ter feito a entrevista lá eu já me sentiria vencedora".
É bom ter amigos, isto sim é um privilégio, mas um privilégio democrático e pertencente a todas as classes sociais.

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