terça-feira, 2 de junho de 2015

Pelo olhar de uma fotógrafa, de uma amiga, de uma companheira de estrada! *

Ela pariu sorrindo...
Sabe aquela pessoa linda? Que está sempre com um sorriso, com o olhar firme e com uma vaidade quase desnecessária?Jeanne é assim!
Foi na militância que nos conhecemos e passamos a dividir sonhos, ideologias, utopias... dividimos também cervejas, farras, cafés, almoços... mas nunca pensei no quanto seria especial dividir o dia do nascimento do seu filho Francisco.
Fotografar um parto era um desafio que despertava em mim um misto de dúvidas e medos.
Relutei em aceitar o convite até resolver dizer sim, eu topo! (e Jeanne é daquele tipo de pessoa que a gente nunca consegue dizer não).
Daí pra frente passei os dias pesquisando sobre parto domiciliar, estudando fotos sobre o tema e dialogando comigo mesma sobre a experiência que viveria.
Na manhã de sábado (18/04) uma mensagem de whats app me deixou tensa: "acho que Francisco nasce hoje, estou com leves contrações".
Mais tarde outra mensagem que me deixou com frio na barriga: "vem logo".
Sai correndo e quando cheguei encontrei Jeanne serena, sentindo dor, mas serena. Concentrada em seu corpo, em seu filho e irradiando uma coragem, típica dela.
A delicadeza do seu olhar ao me ver me encorajou também e como num passe de mágicas toda tensão e medo foram embora.
Mesmo com toda dor, ele sorria. Um riso de efeito terapêutico, que contagiava todos a sua volta (como a pessoa pari sorrindo e linda?!?). Difícil foi fotografar tanta plenitude!
Dizem que fotógrafo tem que ser meio malabarista e por alguns momentos foi assim que me senti quando Jeanne procurava os cantos mais apertados e escuros do apartamento.
Me apertava entre a parede e o armário do quarto, sentava no chão do corredor, me espremia num pedacinho do banheiro minúsculo em busca do melhor ângulo, da melhor luz... e assim se passaram horas até que um forte grito fez a emoção tomar conta do lugar: era Francisco chegando!
Como não se emocionar? Como conter as lágrimas que teimavam em cair? Fiquei paralizada!
Rejane, mãe da Jeanne, tocou no meu ombro dizendo: fotografa, fotografa...
Despertei de uma quase viagem (acho que fui bem longe mesmo!) e me vi ali fotografando o amor, não era só um parto, era o amor... Um amor que, por mais que já existisse durante a gestação, naquele momento se fez maior, cresceu, renovou forças e contagiou a todos no instante em que Jeanne, Edilson e João Guilherme viram o Francisco pela primeira vez... e isso é uma das coisas mais lindas de se ver!
Gratidão a vocês por ter vivido esse momento lindo...

Muito obrigada por terem me mostrado um jeito novo de ver a vida!


*Relato de Ana Tereza

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